Dados do Trabalho
TÍTULO
PARAGANGLIOMA BILATERAL EM CORPO CAROTÍDEO – UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Os paragangliomas do corpo carotídeo são tumores raros, na maioria benignos, hipervascularizados e de crescimento lento. Originários das células paraganglionares da crista neural, desenvolvem-se na região paravertebral em associação com vasos sanguíneos cervicais, nervos cranianos e sistema nervoso autônomo. O tratamento é um desafio, pois as dificuldades anatômicas de exposição e de ressecção dessas lesões exigem a atuação de diferentes especialidades médicas no ato cirúrgico.
RELATO DE CASO
E. M. S. F., 38 anos, sexo feminino, deu entrada em um Hospital do Oeste Paulista no meio do ano de 2017, com queixa de dor e tosse intermitente após trinta dias da retirada de nódulo em tireóide. A paciente apresentava massa cervical bilateral de consistência firme, elástica, indolor, pulsátil, móvel no plano horizontal e fixa no vertical. A tomografia computadorizada cervical feita no dia seguinte evidenciou três lesões sólidas - duas nos nervos vagos e uma no hipoglosso - provocando redução do calibre da orofaringe por compressão. O estudo anátomopatológico constatou linfadenite crônica com hiperplasias folicular e paracortical de células T em região cervical esquerda, sem malignidade. A paciente evoluiu com dispneia, rouquidão, tosse e quadro álgico difuso no pescoço. Após quatro meses, a ultrassonografia revelou imagem ovalada, hipoecogênica e heterogênea, com contornos parcialmente definidos em região submandibular esquerda; e a tomografia exibiu formações nodulares com densidade de partes moles localizadas em ambos os espaços carotídeos, com presença de duas lesões, de seis e sete centímetros à esquerda e à direita respectivamente, que se estendiam aos espaços parafaríngeos - com redução da luz do orgão - compatíveis com o diagnóstico de Paragangliomas Carotídeos. Além disso, a fibronasofaringolaringoscopia revelou abaulamento da epiglote na porção lateral esquerda da hipofaringe. Confirmado o diagnóstico, a paciente foi transferida para serviço hospitalar no norte do Estado de São Paulo, para receber atendimento de uma equipe especializada na terapêutica cirúrgica necessária. Tal equipe realizou a excisão unilateral esquerda da lesão e a reconstrução dos tecidos adjuntos lesionados utilizando enxerto de veia safena, em dezembro do mesmo ano. A exérese do tumor contralateral, que seria feita em seguida, foi adiada devido à paralisia parcial do nervo hipoglosso, uma possível complicação da ressecção tumoral.
DISCUSSÃO
O corpo carotídeo está abotoado à camada adventícia arterial, na bifurcação das artérias carótidas comuns, portanto, cercado de estruturas nobres. Assim, o diagnóstico precoce e a terapêutica célere são imprescindíveis para um bom prognóstico. A excisão do tumor antes que atinja três centímetros de diâmetro poupa as estruturas adjacentes de uma possível compressão, evitando as mais variadas complicações que podem trazer prejuízo importante à qualidade de vida da paciente.
Área
CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO
Instituições
FAMEPP - UNOESTE - São Paulo - Brasil
Autores
HÉVILA CRISTINA MORA AMÂNCIO DE SOUZA, ADERBAL GAULINO GALASSI NETO, NAJLA NEME DUTRA, MARCELLA CARDOSO GONÇALVES