Dados do Trabalho
TÍTULO
APENDICECTOMIA NO SEGUNDO TRIMESTRE GESTACIONAL: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A apendicite aguda é a indicação mais comum de cirurgia por condições não obstétricas durante a gestação, com incidência de 1 caso a cada 2000 gestações anualmente. Os sintomas de apendicite aguda no período gestacional assemelham-se àqueles encontrados em mulheres não-grávidas. Porém, as manifestações iniciais dessa patologia, como hiporexia, náuseas e vômitos, podem ser confundidas com os sintomas da gravidez normal. Além disso, os sinais de abdome agudo podem estar dissimulados pelas alterações posicionais das vísceras abdominais em decorrência do crescimento uterino. Assim, o retardo ou a não realização de diagnóstico correto são comuns, com consequente risco de perfuração apendicular, que aumenta as taxas de mortalidade materno-fetal. O diagnóstico é eminentemente clínico, apesar de ser dificultado pelas mudanças do ciclo gravídico. A ultrassonografia (USG) é o exame complementar de primeira escolha, já que os exames laboratoriais importantes no diagnóstico de abdome agudo sofrem alterações na gestação. O tratamento é a apendicectomia de emergência, preferencialmente por via laparoscópica, associado à antibioticoterapia. Nesse contexto, esse estudo objetiva relatar um caso de apendicite aguda em uma gestante internada no Hospital Municipal de Altamira-PA.
RELATO DE CASO
G.A.C.N, 22 anos, G1P0A0, idade gestacional de 25 semanas e 4 dias foi admitida no Hospital Municipal de Altamira com dor abdominal e vômitos com dois dias de evolução, sem demais queixas. Exame físico: lúcida e orientada, regular estado geral, anictérica, afebril, eupneica, normocorada, desidratada, abdome globoso, doloroso na fossa ilíaca direita com sinais de peritonite, útero gravídico, batimentos cardiofetais de 158bpm, colo uterino fechado, panturrilhas livres. Os exames laboratoriais revelaram leucocitose de 18.100p/mm3. Foi realizado USG das vias urinárias, sem alterações; bem como USG obstétrica, identificando mioma subseroso na parede uterina, sem identificação do apêndice. Inicialmente, foi avaliada pelo obstetra de plantão que, após perceber o quadro atípico, solicitou a avaliação da cirurgia geral. A paciente foi submetida à apendicectomia por laparotomia. O ato operatório foi dificultado pelo mioma subseroso de 15cm no corpo uterino, pois foi utilizada a incisão de Daves. No entanto, a cirurgia ocorreu sem intercorrências. No pós-operatório, evoluiu bem e sem complicações. Após 3 dias recebeu alta hospitalar, e a gravidez evolui normalmente.
DISCUSSÃO
A precocidade diagnóstica e terapêutica são importantes no prognóstico da paciente, pois o atraso eleva o risco de perfuração apendicular, que aumenta a morbimortalidade materno-fetal. Concluímos que, embora a USG seja o exame de primeira escolha para fechar o diagnóstico, o exame clínico é essencial. Por fim, o caso relatado é relevante, pois demonstra que a experiência dos profissionais, o diagnóstico rápido e preciso, e a terapia adequada corroboraram para melhores resultados, assim como descrito na literatura médica.
Área
URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS
Instituições
Universidade Federal do Pará (UFPA) - Pará - Brasil
Autores
Evellyn Vitória Sousa de Loureiro, Peperson Pietro Cavalcante Carvalho, Hudson Fernandes Barile