TÍTULO

MUCOCELE DE APENDICE: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Mucocele de apêndice foi descrita primeiramente em 1842 por Rokitansky e representa uma dilatação progressiva do apêndice causada por acúmulo intraluminal de mucina. Esse termo engloba várias causas que podem ser divididas em lesões neoplásicas ou não-neoplásicas, sendo na maioria dos casos um processo benigno. A incidência da Mucocele de apêndice é rara e representa aproximadamente 0,3% das apendicectomias, com discreta predominância no sexo feminino e em pacientes na 5º e 6º década de vida. É classificada em quatro subtipos histológicos: Hiperplasia mucosa (52%); cisto de retenção (20%); cistoadenoma mucinoso (18%) e cistoadenocarcinoma mucinoso (10%). Relatamos um caso de paciente feminino com historia de massa pélvica que foi submetido a abordagem cirúrgica por suspeita de mucocele de apêndice.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 52 anos, foi encaminhada ao ambulatório devido dor em fossa ilíaca direita (FID) e disúria. Estava em investigação de massa pélvica por suspeita de neoplasia de ovário. Na ultrassonografia transvaginal foi identificado lesão sólida, hiperecogênica, contornos regulares na FID, medindo 7,7 x 3,8 x 4,5 cm, sem fluxo ao estudo Doppler. A ressonância magnética da pelve evidenciou estrutura alongada com conteúdo líquido espesso em comunicação com ceco medindo 9,0 x 4,2 x 4,0 cm, sendo levantada hipótese de mucocele de apêndice. Marcadores tumorais: CA 125 15,6 U/mL, CA 19,9 < 2,5 U/mL; CEA 5,58 ng/mL. A paciente foi internada para laparotomia exploradora. No intra operatório foi visualizado apêndice cecal de tamanho aumentado, com base livre de aproximadamente 3 cm. Optado por apendicectomia, com retirada da peça intacta. Paciente evoluiu bem clinicamente, recebendo alta no 2 pós operatório. Segue em acompanhamento ambulatorial com melhora dos sintomas. Resultado histológico da peça foi de tumor mucinoso de apêndice cecal, sem atipias e com margens livres.

DISCUSSÃO

A Mucocele de apêndice é raramente diagnosticada no pré-operatório devido à baixa incidência e quadro clínico atípico, portanto devemos nos atentar à esse diagnóstico diferencial de dor no quadrante inferior do abdome e de massa pélvica. A Mucocele de apêndice e o pseudomixoma peritoneal usualmente são diagnosticados no sexo feminino após os 50 anos de idade, sendo recomendado a realização de tomografia computadorizada ou ressônancia magnética quando uma paciente a partir desta idade apresentar sintomas clínicos de dor em fossa iliaca direita. O tratamento da mucocele é iminentemente cirúrgico e depende do subtipo histológico que na maioria dos casos é identificado pela analise anatomopatológica. A reabordargem cirúrgica pode ser necessária em alguns casos para complementar o tratamento. Nos casos benignos é realizado apendicectomia convencional, enquanto nos casos de cistoadenocarcinoma e pseudomixoma peritoneal há a necessidade de abordagem cirúrgica mais agressiva, havendo discordância na literatura quanto a realização de quimioterapia.