Dados do Trabalho


TÍTULO

FISTULA SINFISIOURINARIA

INTRODUÇÃO

A fístula sinfisiourinária (FSU) é uma complicação rara após cirurgia, irradiação ou outras terapias para câncer de próstata. É caracterizada pela fistulação do trato urinário para a sínfise púbica. Foi descrita pela primeira vez em 1924 por Beer como uma sequela da prostatectomia simples, manifestando-se clinicamente com dor pélvica crônica do tipo debilitante, na região supra-púbica, envolvendo também o períneo, as virilhas e a pelve profunda, a depender da extensão da fístula. É classicamente descrito como um processo não supurativo; no entanto, os abscessos bacterianos foram citados em associação. O objetivo desse trabalho foi evidenciar que apesar de ser rara, a FSU é muito debilitante, pois pode causar diminuição da qualidade de vida, abscesso cavitário, sepse pélvica crônica e morte.

RELATO DE CASO

C. S. F., masculino, 71 anos, com histórico de Adenocarcinoma acinar usual de próstata. Foi submetido à prostatectomia radical (PTR) há 6 anos, associada a 36 sessões de radioterapia adjuvante. No pós-operatório, queixava-se de polaciúria, disúria e dor pélvica inespecífica progressivas, até realizar cistostomia de urgência, devido episódio de retenção urinária aguda, por estenose de uretra distal. Foi submetido a uretrotomia, porém persistiu com cistostomia e manteve quadro de dor pélvica crônica com agudizações recorrentes, refratária a opiáceos. Paciente teve como hipótese diagnóstica a FSU, devido ao quadro clínico, porém sem comprovação por exames de imagem.

DISCUSSÃO

A FSU é uma complicação rara, com poucos casos descritos na literatura. Causa quadros mais graves que a osteíte, osteonecrose ou a osteomielite, que são as complicações mais frequentes após o tratamento de câncer de próstata.
Segundo Bugeja et al., o quadro álgico é muito intenso e costuma não responder bem ao tratamento clínico conservador com o uso analgésicos de opiáceos. Tal evidencia é compatível com o paciente deste relato, que apresentou uma refratariedade aos analgésicos de opiáceos oferecidos como terapia.
De acordo com Hutchinson et. al., a ressonância magnética (RNM) vem ganhando destaque como ferramenta diagnóstica na investigação de fístulas envolvendo o trato urinário, pois apresenta como vantagens o fato de ser relativamente menos invasiva quando comparada a outros estudos e oferece excelente imagem de tecidos moles, que pode fornecer evidências de fístula mesmo quando o próprio trato urinário não é visualizado. Esta última, em especial, é bastante útil em situações que os achados físicos externos não estão presentes ou são indeterminados.
O paciente do relato não foi submetido ao exame de RNM, devido a indisponibilidade no serviço, porém foi submetido a TC, que não evidenciou trajetos fistulosos. Porém, segundo Gerullis et al. e os outros estudos analisados, na maioria dos casos, o diagnóstico dos trajetos fistulosos foi feito por meio da RNM, em detrimento da TC. Dessa forma, não se pode excluir como hipótese diagnóstica a FSU.

Área

UROLOGIA

Instituições

Uniceplac - Goiás - Brasil

Autores

Victor Hugo Nunes de Oliveira, Lucas de Oliveira Silva Santana, Déborah Carvalho Nascimento, Vanessa Ribeiro Lopes Vasconcelos, Bruno Vilalva Mestrinho