TÍTULO

PERFURAÇAO GASTRICA POR CORPO ESTRANHO COM POSTERIOR FORMAÇAO DE ABSCESSO PERI-HEPATICO

INTRODUÇÃO

A perfuração do trato gastrointestinal pela ingestão de corpos estranhos é extremamente rara em pacientes saudáveis, com uma taxa de ocorrência menor do que 1% dos casos necessitando intervenção cirúrgica. Dessa forma, a apresentação clínica é variada e implica em desafios para o diagnóstico, uma vez que os pacientes não relatam a ingestão de corpos estranhos e a clínica é inespecífica, o que acarreta no atraso diagnóstico. Logo, a maioria dos corpos estranhos que chegam ao estômago passam ao intestino sem complicações. Entretanto, objetos duros, alongados e com ponta como palitos de dente podem causar sangramento gastrointestinal, perfuração do intestino, obstrução ou sepse. O presente relato irá descrever um caso de perfuração gástrica pela ingestão de corpo estranho acarretando em abscesso peri-hepático, a associação dos exames de imagem para diagnóstico e posterior tratamento cirúrgico.

RELATO DE CASO

Paciente M.S.V, feminina, 54 anos, deu entrada no serviço de emergência com queixa de dor abdominal intensa, febre de 39ºC e vômitos líquidos. Paciente diabética insulino-dependente e portadora de transtorno depressivo maior. Ao exame físico encontrava-se taquicardica, referia dor abdominal a palpação difusa e importante dor em hipocôndrio direito. Contudo, não apresentou sinal de irritação peritoneal. Realizada Tomografia de Abdome Total, evidenciou-se o espessamento parietal concêntrico e simétrico do antrogástrico com borramento da gordura na região anterior com pequena estrutura linear hiperdensa, medindo 2,4cm, que se estende até a coleção subfrênica que mede 4,1x2,7x2,6cm (18ml) compatível com corpo estranho em coleção subhepática organizada e pequena quantidade de líquido livre peri-hepático. Em seguida, a paciente foi submetida a laparotomia mediana supra umbilical onde encontrou-se moderada quantidade de secreção purulenta, a qual foi enviada para cultura. O omento bloqueava a microperfuração gástrica, motivo pelo qual impediu a proliferação da inflamação ao peritôneo. Realizou-se lavagem exaustiva da cavidade, gastroplastia na região microperfurada, colocação de dreno de penrose e fechamento dos planos. No pós operatório a paciente apresentou poucas queixas álgicas e após 5 dias recebeu alta hospitalar.

DISCUSSÃO

Relatou-se um caso raro de perfuração gástrica por ingestão de um palito de dente com posterior formação de abscesso peri-hepático, cujo diagnóstico pré-operatório foi por meio de TC de abdome, uma vez que exames laboratoriais, USG abdominal e Raio X de abdome agudo não corroboraram para o diagnóstico. Além disso, é comum aos pacientes não referirem a ingesta de corpos estranhos e estes serem assintomáticos até causarem complicações em órgãos adjacentes. A ocorrência de perfuração gástrica com posterior formação de abscesso hepático é rara. Em casos como esse, é necessária a investigação cavitária para remoção do corpo estranho, drenagem do abscesso e reparo da perfuração do trato gastrointestinal.