Dados do Trabalho
TÍTULO
AVALIAÇAO COMPARATIVA DAS SOBREVIDAS LIVRE DE DOENÇA E GLOBAL DE PACIENTES CIRROTICOS E NAO CIRROTICOS SUBMETIDOS A RESSECÇAO CIRURGICA POR HEPATOCARCINOMA
OBJETIVO
Verificar as sobrevidas livre de doença e global entre pacientes cirróticos e não cirróticos submetidos a hepatectomia por hepatocarcinoma.
MÉTODO
Coorte histórica de 84 pacientes submetidos à cirurgia e acompanhados ambulatorialmente entre 1997 e 2018. A busca de dados deu-se por meio de prontuários do consultório de um só cirurgião, junto com prontuário hospitalar e contato telefônico. As estatísticas descritivas foram demonstradas como média e desvio padrão e como frequência relativa e percentual. Para as analíticas foram utilizados os testes Exato de Fisher para comparação de proporções e de Kaplan-Meier para as análises de sobrevida.
RESULTADOS
Entre os 84 pacientes seguidos, 65 (77,4%) eram do sexo masculino e 19 (22,6%) feminino. A idade média foi de 62,51 (±10,66) anos. Sobre toda a amostra, 55 (65,5%) participantes do estudo eram cirróticos e 29 (34,5%) não cirróticos. Com relação à etiologia do hepatocarcinoma, quando comparados cirróticos e não cirróticos, as diferenças foram estatisticamente significativas (p=0,003), sendo que o álcool foi visto em 75%(N=12) vs. 25%(N=4), o vírus B em 55,6%(N=10) vs. 44,4%(N=8) e o vírus C em 85,7%(N=6) vs. 14,3%(N=1), respectivamente. Ainda na mesma análise, nos casos de etiologia combinada, as maiores frequências permaneceram entre os cirróticos, na qual a associação mais frequente foi entre álcool e vírus B com 70%(N=14). Quanto ao grau de fibrose nos participantes não cirróticos, as proporções foram 30,8%(N=4) de expansão fibrosa portal (F1), 53,8%(N=7) de fibrose portal com raros septos (F2) e 15,4%(N=2) de fibrose portal com numerosos septos (F3). Após a hepatectomia, houve recidiva entre 66,7% (N=28) dos pacientes cirróticos e 33,3% (N=14) dos não cirróticos. De maneira global, entre os pacientes que recidivaram, 69,7%(N=23) não tinham comprometimento de margem cirúrgica (R0) e 30,3%(N=10) tinham comprometimento microscópico (R1) (p=0,802). Nas análises de sobrevida realizadas, para a sobrevida livre de doença pós-hepatectomia, os dados foram obtidos de 79 pacientes, encontrando-se a média de 57,67 (IC95% 38,40-76,93) meses entre os cirróticos e de 88,44 (IC95% 20,06-124,82) meses para os não cirróticos (p=0,183). Já para a sobrevida global foram obtidos dados completos de 80 pacientes com tempo médio de 62,75 (IC95% 44,73-80,78) meses entre os cirróticos e de 76,55 (IC95% 43,94-109,17) meses entre os não cirróticos (p=0,904).
CONCLUSÕES
Nas análises observou-se a ocorrência de vírus B e álcool como etiologias prevalentes e concomitantes no desenvolvimento de hepatocarcinoma em cirróticos. Observou-se também que os pacientes não cirróticos tiveram os tempos de sobrevida global média, bem como de sobrevida livre de doença pós-hepatectomia maiores que os dos cirróticos. Sobre as recidivas, a ocorrência foi de 2/3 entre os cirróticos e 1/3 entre os não cirróticos. Com base em nosso estudo, conclui-se que os pacientes cirróticos possuem pior prognóstico tanto para sobrevida livre de recidiva quanto para sobrevida global média.
Área
FÍGADO
Instituições
UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
PAULO ROBERTO REICHERT, GLÓRIA SULCZINSKI LAZZARETTI, RUBENS RODRIGUEZ, DANIEL NAVARINI, CARLOS AUGUSTO MADALOSSO, DANIELA BERTOL GRAEFF