Dados do Trabalho


TÍTULO

CISTO EPIDERMICO PERITONEAL: RELATO DE CASO.

INTRODUÇÃO

O cisto epidérmico também conhecido como cisto de inclusão epidérmica, cisto epidermóide, cisto infundibular ou cisto de queratina, trata-se de um cisto benigno, de origem ectodérmica e geralmente localizado na pele, em especial na face e tronco superior. Tem como característica crescimento lento, limites precisos e arredondados, e costumam atingir de 1 a 5 cm. Histologicamente, é constituído por uma fina camada de epitélio escamoso. O tratamento de escolha é a exérese cirúrgica da lesão. A remoção total de tumor é essencial para minimizar o risco de recorrência. O tratamento com sucesso apresenta um excelente prognóstico a longo prazo com cura definitiva e mínima mortalidade operatória. Existem raros casos de cistos epidérmicos abdominais, porém escassos casos de cistos peritoneais epidérmicos.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo masculino, 69 anos, hipertenso, queixa de dor intermitente em hipocôndrio e flanco esquerdo, ausente de sintomas gastro-intestinais ou perda ponderal. Ao exame clínico, paciente obeso (IMC 31), com abaulamento em região de hipocôndrio esquerdo com massa palpável e dolorosa de 10x9 cm no local. Em investigação complementar realizou ultrassonografia com o achado de massa delimitada, característica nodular de conteúdo denso, entre baço e rim esquerdo, com medida aproximada de 8x9 cm. Seguiu com tomografia computadorizada de abdômen e pelve com contraste intravenoso com o achado de formação cística de contornos regulares, intra-abdominal, apresentando amplo e íntimo contato com a parede abdominal anterolateral ao nível do flanco esquerdo, medindo 8,5x5,2x7,5 cm, apresentando finas calcificações parietais. Optado por laparotomia exploradora com exérese da massa. Realizado por meio de incisão subcostal esquerda com identificação de massa bem delimitada, perolácea, região infra-esplênica e anterior ao rim esquerdo, com contato com parede abdominal. Realizado exérese de toda massa com preservação de sua cápsula sem intercorrências. Obteve alta no terceiro dia de pós-operatório. Segue em acompanhamento ambulatorial a sete anos sem sinais de recidiva. O resultado anatomopatológico da peça descrito como tumor de peritônio parietal de 9,5x9,5x5 cm e pesando 1770 gramas, recoberto parcialmente por cápsula lisa e transparente com superfície vascularizada, aos cortes cavidade cística com conteúdo espesso amarelado constitui cisto de inclusão epidérmica.

DISCUSSÃO

Apresentamos um caso incomum de lesão cística peritoneal em doente adulto do sexo masculino, sem operações abdominais prévias e cuja análise histológica diagnosticou cisto epidermóide. A grande maioria dos casos de cisto de inclusão peritoneal ocorre em mulheres e as lesões localizam-se principalmente na pelve. O diagnóstico diferencial nessa situação pode ser com o mesotelioma peritoneal, lesões metastáticas, cisto hidático e pseudomixoma peritoneal. O tratamento ideal, como o realizado, é a exérese cirúrgica da lesão com remoção completa do tumor com a sua cápsula, minimizando recorrências.

Área

MISCELÂNEA

Instituições

Disciplina de Gastroenterologia Cirúrgica - Departamento de Cirurgia- Escola Paulista de Medicina - UNIFESP - São Paulo - Brasil

Autores

Rodrigo Mendes, Amanda Ferreira Furian, Marcelo Finavaro Aniche, Milton Scalabrini, David Carlos Shigueoka, Ricardo Artigiani Neto, Gaspar Jesus Lopes Filho, Ramiro Colleoni Neto