TÍTULO

ADENOCARCINOMA DE URACO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O úraco ou ligamento umbilical mediano, é um resquício embrionário que surge após a contração e obliteração do alantóide, localizado entre o ápice da bexiga e a cicatriz umbilical. A malignização desse remanescente não é frequente e está relacionada em grande parte a falha de obliteração desta estrutura tubular. O adenocarcinoma de úraco é uma neoplasia rara, representando 0,4 a 0,7% de todos os tumores primários da bexiga, com fator de risco pouco conhecido, sendo mais comum em homens (2:1). Este tumor é originado na porção justavesical do úraco, envolvendo o teto da bexiga com frequência. Os principais sintomas encontrados nos pacientes com este tipo de tumor são hematúria, dor suprapúbica e sintomas irritativos como dirúria e urgência miccional.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo masculino, 58 anos, com queixa de desconforto abdominal em baixo ventre, aumento de volume progressivo em região hipogástrica, perda de peso, episódios esporádicos de hematúria e queda do estado geral a aproximadamente 2 anos. O exame físico evidenciou presença de massa palpável em mesogástrio e hipogástrio. A tomografia computadorizada (TC) de abdome demonstrou massa tumoral pélvica expansiva de aspecto neoplásico próximo à parede abdominal inferior, medindo 12x8x5 cm, envolvendo bexiga. O paciente foi submetido à laparotomia exploradora que mostrou tumoração pélvica volumosa envolvendo parede abdominal inferior, bexiga e púbis com carcinomatose peritoneal extensa. Foi realizada laparotomia com biópsia da tumoração que revelou “Adenocarcinoma de úraco moderadamente diferenciado”. Paciente recebeu alta no 5º DPO, sendo encaminhado para oncologia clínica. No 28º DPO, antes do início da quimioterapia paliativa, paciente foi a óbito após queda gradual do estado geral.

DISCUSSÃO

O carcinoma de úraco tem origem indeterminada, tendo como tipo histológico mais comum o adenocarcinoma mucinoso (90%). Os tumores de úraco geralmente são silenciosos devido sua localização extraperitoneal, com sintomas inespecíficos, reservando aos pacientes um mau prognóstico, isso se deve ao fato de seu diagnóstico frequentemente ser feito em fases avançadas da doença. A ultrassonografia, a TC, e a ressonância magnética têm grande relevância no diagnóstico, pois possuem alta capacidade de evidenciar alterações no ligamento umbilical mediano. Os carcinomas de úraco com frequência são localmente avançados, no entanto, mesmo no caso de lesões passíveis de ressecção, ocorre alta taxa de recidiva local, e metástases à distância. O principal tratamento do adenocarcinoma de úraco é a remoção cirúrgica, e a quimioterapia tem sido reservada para os casos de doença metastática ou recidiva local, porém os protocolos para os estágios avançados com radioterapia e quimioterapia têm pouca eficácia, já que a quimioterapia apropriada pode induzir respostas objetivas, mas sem melhoras significativas no prognóstico do paciente.