Dados do Trabalho
TÍTULO
MUCOCELE DE APENDICE
INTRODUÇÃO
Mucocele de apêndice corresponde à dilatação apendicular, de aspecto cístico e conteúdo intraluminal mucoide. Presente em 0,3% das apendicectomias realizadas, tem prevalência em mulheres entre 50-60 anos. Pode apresentar-se de forma benigna (hiperplasia mucinosa ou cistadenoma) e maligna (cistoadenocarcinoma). Por sua diversidade sintomatológica, é dificilmente diagnosticada no período pré-operatório, sendo um achado incidental em procedimentos cirúrgicos e exames anatomopatológicos.
RELATO DE CASO
Paciente do gênero feminino, 48 anos, sem comorbidades, apresentou durante 6 meses, cólica de média intensidade em fossa ilíaca direita. Em ultrassonografia de abdome total, foram identificadas bilateralmente, massas de aspecto cístico compatíveis com câncer de ovário. Em tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética contrastada, constatou-se em fossa ilíaca direita junto a base do ceco, lesão alongada, cística e de conteúdo homogêneo, correspondente a mucocele de apêndice. Também identificado, cisto de 1,4 cm em ovário direito e útero de aspecto miomatoso. O procedimento cirúrgico, procedeu com laparotomia, exposição do apêndice, tiflectomia e anastomose latero-lateral, seguido de omentectomia, linfadenectomia retroperitoneal e finalizado por ooforectomia bilateral e miomectomia. O apêndice encontrava-se sobredistendido em porção distal, com coloração brancacenta, sem perfurações, repleto de conteúdo mucoide, sem processo inflamatório ou disseminação em tecidos adjacentes. Paciente manteve-se estável durante o ato cirúrgico, sendo encaminhada para leito. Exame anatomopatológico identificou neoplasia mucinosa de baixo grau (8 cm), peritônio, epíplon, linfonodos e limites cirúrgicos livres de neoplasia, bem como, leiomioma e folículos císticos.
DISCUSSÃO
Apesar da recorrente inespecificidade clinica, observa-se no caso, dor abdominal em fossa ilíaca direita, massa abdominal palpável, náuseas e vômitos. O diagnostico requer exames de imagem confirmativos como USG, RNM e TC. A possibilidade de alargamento ovariano e aprisionamento tecidual de células tumorais, instigou a ideia de estágio avançado em pré-operatório. Preconiza-se a laparotomia pelo menor risco de rotura apendicular, evitando disseminação peritoneal e adjacente. A abordagem cirúrgica com tiflectomia delimitou margens seguras de ressecção, seguida de linfadenectomia e omentectomia na pesquisa de expansão carcinomatosa. Dado ao diagnóstico precoce, a cirurgia antecedeu o estágios avançados de malignidade e extravasamento de conteúdo mucoide, sendo satisfatória com menor ressecção cecal que a hemicolectomia direta. O manejo correto da doença é imprescindível no prognóstico e representa grande desafio no tratamento da doença não complicada.
Área
COLOPROCTOLOGIA
Instituições
HOSPITAL CASA DE PORTUGAL - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
MICHAELA SCHREINER GAUER, ELISABETH AMANDA GOMES SOARES, DANIEL HIDEO MURAI, CESAR AMADO, FLAVIO ANTONIO SÁ RIBEIRO