Dados do Trabalho


TÍTULO

DOENÇA INFLAMATORIA PELVICA: UMA AFECÇAO QUE PODE SER LETAL

INTRODUÇÃO

A doença inflamatória pélvica (DIP) é uma síndrome secundária à ascensão de microorganismos da vagina e/ou do endocérvice ao trato genital superior feminino. A DIP pode se apresentar desde a forma subclínica até, raramente, ocasionar sepse intra-abdominal fatal, necessitando neste último caso de intervenção cirúrgica imediata. Afeta predominantemente mulheres jovens, sexualmente ativas e em idade reprodutiva, constituindo assim uma das principais complicações das infecções sexualmente transmissíveis (IST) e um sério problema de saúde pública devido a sequelas associadas a longo prazo, como infertilidade, gravidez ectópica e dor pélvica crônica.

RELATO DE CASO

Paciente sexo feminino, 35 anos, hipertensa, G3P3A0, DUM há 16 dias, apresentando dor abdominal difusa associada à diarreia, vômitos e febre. Admitida no Hospital Ana Nery (HAN) apresentando com piora da dor abdominal e quadro séptico, leucocitose com desvio à esquerda e disfunção renal. A TC de abdome evidenciou coleções em baço de 14,7cm, goteira parietocólica esquerda de 16,2cm e mesogástrio de 16,8cm. Iniciado antibioticoterapia venosa com Metronidazol e Ceftriaxone. Evoluiu com piora do estado geral, sendo indicada abordagem cirúrgica para drenagem de abscessos. No intra-operatório foi evidenciado processo inflamatório e aderências entre alças e entre fígado e parede anterior abdominal. Realizada drenagem de coleções purulentas, sendo a maior em pelve. Paciente foi encaminhada para UTI para estabilização do quadro hemodinâmico. No 8º dia pós-operatório evoluiu com saída de secreção purulenta pela ferida operatória, sem melhora do estado geral, sendo indicada laparotomia para lavagem da cavidade. No intra-operatório, devido à grande quantidade de aderências e presença de fistulas enterocutânea e retovaginal, optou-se por realizar ileostomia protetora, NPT e modificação de esquema antibiótico guiado por cultura. Paciente evoluiu com melhora do estado geral e programação de fechamento de ileostomia em segundo tempo.

DISCUSSÃO

A paciente do caso apresentava-se séptica devido a abscessos abdominais, que na laparotomia foi demonstrado ser o maior deles na pelve, configurando a DIP como fator causal. Frequentemente a DIP é difícil de diagnosticar devido a sua apresentação subclínica ser comum, sendo raros os casos que evoluem como o apresentado. Por isso, os médicos devem manter elevada suspeita de DIP em mulheres jovens com sintomas pélvicos vagos, mas que podem ser suficientes para evoluir e produzir sequelas graves. Além disso, durante a inspeção cirúrgica, foram evidenciadas aderências entre o fígado e a parede anterior abdominal, característico da Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis, sequela precoce da DIP. Esta síndrome ocorre em 10% das mulheres com DIP e suas consequências a longo prazo ainda não estão claras.

Área

GINECOLOGIA

Instituições

HOSPITAL ANA NERY - Bahia - Brasil

Autores

CAROLINA FALCAO LOPES MOURÃO, FABIO OLIVEIRA NEVES, ANA CELIA DINIZ CABRAL BARBOSA ROMEO, BEANIE CONCEIÇÃO MEDEIROS NUNES, CAIQUE DE SANTANA SANTOS, LUDMILA BEATRIZ SILVA SANTOS, DIEGO CARVALHO MACIEL, GABRIEL CARVALHO NASCIMENTO