Dados do Trabalho


TÍTULO

FISTULA PANCREATICA APOS GASTROPANCREATECTOMIA

INTRODUÇÃO

Fístula pancreática (FP) é definida como uma conexão anormal entre o pâncreas e órgãos, estruturas ou espaços adjacentes ou distantes, sendo causadas por rupturas do ducto pancreático principal, ductos menores ou parênquima pancreático, com múltiplas apresentações. Uma FP cutânea ocorre quando as secreções exócrinas extravasam através de um local de drenagem ou ferida. Uma complicação cirúrgica relativamente comum, a FP é potencialmente fatal, e muitos estudos têm sido elaborados na tentativa de estabelecer a sua definição e melhor forma de prevenção e tratamento. O presente relato evidencia esta complicação e como a abordagem conservadora pode ser eficaz.

RELATO DE CASO

Paciente de 58 anos, sexo feminino, apresentando dor abdominal epigástrica,iniciada em 2017, associado a náuseas e plenitude pós-prandial há 01 ano. Referiu piora progressiva e perda ponderal de 10kg, nesse período. Admitida no serviço em set/2018 apresentando diagnóstico de massa tumoral evidenciada em TC (jul/18), medindo 23x21x12cm, formação expansiva cístico-sólida em retroperitônio e infiltrado em fígado, hilo-hepático e corpo gástrico, amplamente relacionada com o pâncreas. Realizada biópsia da lesão (jul/18) cujo laudo identificou proliferação de células fusiformes. Paciente submetida à gastrectomia parcial + pancreatectomia corpo-caudal em y-Roux em out/2018 e colocação de dreno de Blake próximo à loja pancreática. Paciente evoluiu no 4° dia pós-operatório com saída de secreção via dreno abdominal, confirmada presença de fístula pancreática de alto debito após dosagem da amilase na secreção. Paciente evoluiu hemodinamicamente estável, sendo optado por conduta conservadora, com dosagem seriada de amilase sérica e da secreção do dreno, tendo sido observada diminuição importante dos parâmetros. Paciente evoluiu com melhora do débito da fistula e dos valores de amilase, com indicação de alta médica hospitalar.

DISCUSSÃO

Fístula pancreática externa é, por definição, a drenagem do líquido pancreático por ferida abdominal ou trato de drenagem que persiste por mais de 7 dias. A causa mais comum é a complicação da cirurgia pancreática, como no presente caso, ou drenagem percutânea por cateter de pseudocistos. Sepse, distúrbios hidroeletrolíticos e escoriação da pele são comuns em fístulas de alto débito (mais de 200 ml por dia). O manejo é inicialmente conservador, pois o fechamento espontâneo pode ser esperado na maioria dos casos, especialmente em fístulas de baixo débito; neste caso a equipe optou por esta conduta apesar do débito de até 950mL diários e altos valores de amilase, pois a paciente não apresentou as demais complicações da fístula. As medidas terapêuticas iniciais foram nutrição parenteral total e proteção da pele. Segundo a literatura, casos refratários devem ser submetidos à pancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) e nova abordagem cirúrgica, que no caso não foi necessário pois a partir do 6º DPO o débito do dreno começou a diminuir, concomitantemente aos níveis de amilase.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

HOSPITAL ANA NERY - Bahia - Brasil

Autores

BEANIE CONCEIÇÃO MEDEIROS NUNES, FABIO OLIVEIRA NEVES, BRUNO DA SILVEIRA ALMEIDA, CAROLINA FALCAO LOPES MOURÃO, GABRIEL CARVALHO NASCIMENTO, CAIQUE DE SANTANA SANTOS, DIEGO CARVALHO MACIEL, RAFAEL OLIVEIRA TORRES