Dados do Trabalho


TÍTULO

CORREÇAO DE HERNIAS ABDOMINAIS VENTRAIS COMPLEXAS COM TECNICA DE SEPARAÇAO DE COMPONENTES : UMA SERIE DE CASOS.

OBJETIVO

A hérnia ventral, é uma condição comum na população geral. Sua incidência varia de 5-25% ao longo da vida e é também complicação observada em cerca de um quarto dos pacientes submetidos a laparotomias. As hernias incisionais são definidas como toda região de defeito na parede abdominal, com ou sem abaulamento, em área de cicatriz cirúrgica definida por observação clínica ou exame de imagem. De acordo com o tamanho, definiu-se como grandes as hérnias com largura maior ou igual a 10 cm, medida correspondente na literatura à definição de hérnia complexa. A correção deste tipo de hérnias é, muitas vezes, desafiadora, apresentando taxas de recidiva próximas a 40% em reconstruções com sutura primária [6]. Neste contexto, a Técnica de Separação de Componentes (TSC), mostrou-se uma forma efetiva de corrigir defeitos de até 20 cm de largura com recuperação efetiva da função muscular.
Este trabalho busca apresentar uma série de casos de pacientes com hérnias incisionais complexas corrigidas com TSC Anterior e implante de tela, em um serviço de cirurgia geral entre os anos de 2013-2014.

MÉTODO

Este estudo é uma série de casos de 12 pacientes portadores de hérnia incisional mediana complexa, com índice de massa corpórea (IMC) maior de 25 kg/m² e perda de domicílio de mais de 30% em avaliação por TC de Abdome, que foram submetidos a correção do defeito por TSC Anterior, em um período de 24 meses. Os defeitos foram cobertos por telas e os doentes acompanhados por um período pós-operatório mínimo de 3 anos.

RESULTADOS

Dos 12 pacientes da amostra, metade eram mulheres. A idade mínima e máxima da amostra era de 22 e 74 anos, respectivamente, com mediana de 49,5 anos. O IMC médio dos pacientes na amostra era de 33 kg/m², com variação entre sobrepeso e obesidade grau II. Em relação às hérnias, a incisão prévia mais comum foi a xifo-púbica, em 5 dos 12 doentes, com variação na largura do defeito de 14,8 a 17,5 cm neste grupo. O maior defeito de parede observado apresentava 18 cm de largura e o volume do saco herniário variou entre 32 e 58% do volume peritoneal residual, com mediana de 41,5%. Nenhum paciente apresentou recidiva clínica da hérnia ou necessitou de re-operação durante os 49 meses de seguimento médio.

CONCLUSÕES

A incidência de recidiva no primeiro ano após correção de hérnias incisionais complexas variou de cerca de 8 a 27%, diretamente proporcional ao IMC dos doentes, em um estudo de coorte com 326 pacientes que englobou técnicas de fechamento primário a TSC com ou sem uso de tela. No presente estudo, não houve recorrência das hérnias, o que representa índices melhores do que os observados na literatura para amostras similares de pacientes quanto ao IMC e volume herniário.
A Técnica de Separação de Componentes Anterior com reforço da parede abdominal com colocação de telas é uma opção segura e efetiva para correção de hérnias incisionais complexas quando realizada por cirurgião treinado.

Área

PAREDE ABDOMINAL

Instituições

UFPR - Paraná - Brasil

Autores

EDUARDO CORVELLO TEIXEIRA, LUIZ CARLOS VON BAHTEN