Dados do Trabalho


TÍTULO

COLEDOCOLITIASE DE REPETIÇAO

INTRODUÇÃO

Após extração endoscópica de cálculos do ducto biliar comum, a colecistectomia subseqüente é recomendada para evitar sintomas de cólica biliar, colecistite ou recorrência de cálculos em pacientes com colelitíase. A colecistectomia eletiva é um procedimento cirúrgico com probabilidade de levar a uma menor mortalidade do que o tratamento conservador não operatório. No entanto, a recorrência de cálculo no ducto biliar comum é um dos problemas que podem surgir mesmo após a colecistectomia. Em relação à frequência, alguns estudos sugeriram que uma incidência de recidiva do cálculo após papilotomia endoscópica (EST) variou de 4 a 24% . Cálculos recorrentes no ducto biliar comum são geralmente detectados 6 meses ou mais após remoção por CPRE.

RELATO DE CASO

Paciente sexo feminino, 69 anos, hipertensa, refere que há 3 meses cursa com dor abdominal em epigástrio de intensidade 10/10 que irradia para hipocôndrio direito, piora com a alimentação e melhora com uso de medicações venosas. Associado ao quadro a mesma relata icterícia e colúria, que diminuiu com o tempo. Refere colecistectomia há 36 anos, sem intercorrências. Realizou tomografia de abdome total em novembro de 2018 que evidenciou placas de ateromatose calcificada na aorta abdominal, cisto simples de ovário esquerdo medindo 4,2 cm, importante dilatação das vias biliares intra e extra hepáticas. Apresenta imagem hiperdensa ao nível do colédoco distal, sem realce evidente por meio de contraste, medindo 0,9 cm podendo corresponder a cálculo e focos de gás no interior das vias biliares intra hepáticas. Realizou CPRM no mesmo período que evidenciou dilatação de vias biliares intra hepáticas, colédoco dilatado com calibre de 1,9 cm e cálculo medindo 1,7 x 0,8 x 1,2 cm. CPRE realizada em dezembro de 2018 apresenta vias biliares intra hepáticas dilatadas contendo 2 imagens de formações calculosas, maiores com cerca de 20mm. Hepatocolédoco com calibre aumentado medindo 25 mm de diâmetro e presença de prótese biliar plástica de 8,5 Fr x 10 cm. Exame realizado sem intercorrências. Paciente submetido à derivação biliodigestiva do tipo colédoco-duodenal secundário à coledocolitíase em janeiro de 2019, concluída com sucesso.

DISCUSSÃO

Existem vários estudos sobre a incidência e os fatores de risco da recidiva de cálculo após extração endoscópica em ducto biliar comum. Contudo, as conclusões são divergentes. Dentre esses fatores podemos destacar: a angulação do ducto biliar principal comum (menor que 145º na colangiografia), dilatação do ducto biliar comum (diâmetro do CBD> 15 mm), história de colecistectomia prévia e presença de divertículo periampular independentemente do tamanho do mesmo. Dentre os fatores de risco citados, a paciente apresentava dilatação do ducto biliar comum de 25mm, sendo esta a principal causa de coledocolitíase primária nesse contexto.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

HOSPITAL ANA NERY - Bahia - Brasil

Autores

BEANIE CONCEIÇÃO MEDEIROS NUNES, FILIPE PONTE DE SOUZA, IGOR LOBAO FERRAZ RIBEIRO, CAROLINA FALCAO LOPES MOURÃO, GABRIEL CARVALHO NASCIMENTO, CAIQUE DE SANTANA SANTOS, DIEGO CARVALHO MACIEL, ANDRE LUIS BARBOSA ROMEO