Dados do Trabalho


TÍTULO

ADENOCARCINOMA PANCREÁTICO EM JOVEM DE 20 ANOS

INTRODUÇÃO

O adenocarcinoma pancreático (AP) é um tumor sólido, cujo pico de incidência situa-se entre a sexta e sétima décadas, raramente se manifestando em jovens. O AP pode cursar com sintomatologia semelhante à de doenças benignas da via pancreatobiliar, implicando um diagnóstico tardio. O diagnóstico precoce, nesses casos, é essencial para um melhor prognóstico, pois, devido à resposta terapêutica precária, a taxa de sobrevida desses pacientes é baixa.

RELATO DE CASO

Paciente, sexo feminino, 20 anos, estudante, vegetariana, previamente hígida, foi admitida no serviço de Cirurgia Geral com quadro de colestaste há 1 mês, que evoluiu com dor intensa, em cólica, em hipocôndrio direito, desencadeada por ingesta alimentar, associada à distensão abdominal e náuseas. Em investigação inicial, foram solicitados: USG abdominal, que mostrou vesícula biliar distendida com conteúdo compatível com lama biliar e dilatação de vias biliares intra e extra-hepáticas; colangioRNM, que identificou falha de enchimento no colédoco distal de aspecto fusiforme; RNM de abdome, com lesão de aspecto nodular de 1,5 cm em cabeça de pâncreas, e ecoendoscopia, que mostrou lesão hiperecoica, fixa, em colédoco distal. Exames laboratoriais apontavam hiperbilirrubinemia direta e aumento de fosfatase alcalina e Gama-GT. CEA e CA 19.9 com valores normais. Realizou CPRE com papilotomia e colocação de prótese biliar, evidenciando vias biliares intra e extra-hepáticas dilatadas, sem falha de enchimento em seu interior e sem saída de cálculos. Evoluiu com melhora discreta de hiperbilirrubinemia. Nova RNM de abdome contrastada mostrou aumento de 1,2 cm em lesão em cabeça de pâncreas em 2 semanas. Foi submetida à laparotomia exploradora, sendo identificada lesão endurecida, de aproximadamente 3x3 cm, com aspecto de malignidade, em cabeça de pâncreas, próxima ao colédoco intrapancreático. Optado por realizar duodenopancreatectomia, com reconstrução ducto-mucosa, deixada sonda nasoentérica após gastroenteroanastomose e dreno abdominal perianastomoses. Evoluiu com fístula pancreática, diagnosticada no 3º DPO. Recebeu, a partir do 5º DPO, terapia com octreotide com resolução da fístula e alta hospitalar no 10º DPO. Laudo extraoficial de anatomopatológico mostrou adenocarcinoma pancreático. Aguarda laudo oficial.

DISCUSSÃO

O AP é uma doença rara em jovens, apresentando incidência em indivíduos menores de 30 anos de aproximadamente 0.2/100.000 habitantes. O AP de acometimento precoce está associado à síndromes genéticas hereditárias, como síndrome de Peutz Jeghers e de câncer mamário e ovariano hereditários (BRCA1/2), sexo masculino e tabagismo. O prognóstico é reservado, devido ao diagnóstico majoritariamente tardio, à progressão rápida e à resposta terapêutica precária. Logo, deve ser sempre considerado um diagnóstico diferencial em quadros colestáticos. O tratamento cirúrgico é a única alternativa curativa. Ainda assim, poucos pacientes submetidos à pancreatectomia apresentam sobrevida maior que cinco anos.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Universidade de Brasília (UnB) - Distrito Federal - Brasil

Autores

Louise Cordeiro Polo Mendes, Eduarda Jacinto Bauer, Adriano Pamplona Torres, Ana Virginia Ferreira Figueira, Fernando Fontes Souza, Mariana Magalhães Rodrigues Santos, Andréa Pedrosa Ribeiro Alves Oliveira, André Luís Conde Watanabe