Dados do Trabalho


TÍTULO

DEVE SER REALIZADO REIMPLANTE URETERAL SIMULTANEO DURANTE ENTEROCISTOPLASTIA PARA REDUZIR REFLUXO VESICO-URETERAL EM CASOS DE BEXIGA NEUROGENICA?

OBJETIVO

Refluxo vesico-ureteral ocorre em mais de 20% dos pacientes com bexiga neurogênica. A alta pressão do detrussor associada ao refluxo são responsáveis pela perda de função e pela insuficiência renal nestes pacientes. O melhor tratamento para o refluxo é diminuir a pressão no detrussor. Nossa primeira opção para diminuir a pressão no detrusor e proteger o trato alto é iniciar com cateterismo intermitente e iniciar com drogas como oxibutinina e/ou doxazosina. Quando o tratamento clínico falha em obter uma capacidade vesical adequada com baixa pressão de armazenamento consideramos a opção cirúrgica. Teoricamente, diminuindo a pressão no detrusor com uma enterocistoplastia adequada o refluxo iria resolver e a perda de trato alto seria evitada. Entretanto, a realização simultânea do reimplante ureteral com a ampliação vesical permanence um assunto controverso. Baseado em relatos recentes de literatura optou-se por não corrigir cirurgicamente o refluxo vesico-ureteral em pacientes com bexiga de alta pressão submetidos a ampliação vesical
Objetivo: Avaliar os pacientes submetidos a enterocistoplastia sem reimplante ureteral em pacientes com bexiga de alta pressão e refluxo vésico-ureteral.

MÉTODO

Foi realizado estudo retrospectivo com amostra composta por 19 pacientes submetidos à enterocistoplastia sem reimplantação ureteral acompanhadas em ambulatório universitário de cirurgia pediátrica de Blumenau de 2008 a 2018. Duas pacientes foram exluídas porque já tinham sido submetidas a reimplante uretreal previamente. Dois pacientes foram excluídos por perda de seguimento. Dos 19 pacientes analisados 13 apresentavam bexiga neurogênica de baixa capacidade e alta pressão por conta de mielomeningocele, 3 por extrofia de bexiga já submetidos a fechamento do colo vesical e ampliação vesical em outro serviço e 1 por persistência de cloaca. Os dados foram obtidos por meio da análise dos prontuários da população estudada. A média de idade foi de 11,1 anos (De 7 a 16 anos). A média de tempo de acompanhamento após a cirúrgica foi de 4,84 anos (variando de 6 meses a 10 anos). O refluxo foi diagnosticado e analisado por meio de uretrocistografia miccional. Os pacientes também foram acompanhados por meio de cintilografia renal estática com DMSA.

RESULTADOS

Todos os 19 pacientes possuíam refluxo vesico-ureteral de diversas gradações antes do procedimento cirúrgico. Em todos os casos o refluxo foi completamente solucionado, não aparecendo na uretrocistografia de controle realizada três meses após o procedimento. Em todos os casos não houve progressão da lesão renal pela cintilografia com DMSA. Todos os pacientes são incentivados a fazerem cateterismo intermitente a cada 3 horas.

CONCLUSÕES

Em pacientes com bexiga de alta pressão com refluxo vésico-ureteral a ampliação vesical parece ser mais importante que o reimplante ureteral no oferecimento de proteção contra lesão renal. O reimplante ureteral simultâneo parece não ser necessário durante a enterocistoplastia para tratamento de bexigas de alta pressão.

Área

UROLOGIA

Instituições

Hospital Santa Isabel e Hospital Santo Antonio - Santa Catarina - Brasil

Autores

KARINE FURTADO MEYER, KARINA ILHÉU DA SILVA, FERNANDO CEZAR TIEPO FILHO, IGOR CORDEIRO DE OLIVEIRA, LARISSA SEBOLD, FÁBIO OLIVEIRA GOMES, João Victor Mendes, Leonardo Getulio Piovesan