Dados do Trabalho


TÍTULO

EFEITOS DA ABDOMINOPLASTIA NA PRESSAO INTRA-ABDOMINAL E NA MANIFESTAÇAO DA DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFAGICO

OBJETIVO

Analisar o papel da abdominoplastia no aumento da pressão intra-abdominal (PIA) e na indução de doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).

MÉTODO

Trata-se de uma revisão de literatura elaborada a partir da busca de publicações indexadas nas bases de dados Embase, Pubmed, Scielo, DARE, Cochrane e BVS. Por meio das opções de busca mais avançadas, artigos e trabalhos publicados considerados recorrentes dentro do tema foram selecionados sem limitações de ano, idioma ou país de origem. Utilizaram-se os descritores: “intra abdominal pressure”, “abdominoplasty”, “gastroesophageal reflux disease” e suas variantes em português.

RESULTADOS

A abdominoplastia é um dos procedimentos estéticos mais realizados, atualmente, nos serviços de cirurgia, com baixas taxas de morbimortalidade. Consiste na retirada do tecido subcutâneo excedente, associado a plicatura dos músculos reto abdominais. Apesar de tecnicamente segura, há várias complicações e sequelas decorrentes desse procedimento, como hematomas, seromas, infecções de pele. Apesar de nem sempre sintomático, ocorre, no pós operatório, elevação da PIA, chegando até a 6 mmHg do valor prévio. Tal pressão é avaliada através da inserção de um cateter vesical, que avalia de maneira indireta o valor. É necessário relembrar que em casos extremos, em que a pressão supera 12mmHg, temos Hipertensão Intra abdominal, a qual gera algumas repercussões cardiorrespiratórias, renais e circulatórios. Caso a pressão eleve-se acima de 20mmHg, temos uma síndrome compartimental abdominal, sendo necessário realizar uma descompressão abdominal. Entretanto, em vários estudos, nota-se que a elevação PIA, já em valores inferiores a 12 mmHg, pode cursar com uma clínica de DRGE, principalmente quando há uma série de fatores associados, como estômago com volume aumentado, hérnia de hiato e posição, por exemplo. Na literatura científica, existem diversos casos de pacientes que desenvolveram DRGE após a realização do procedimento estético em questão, com aumento reportado da pressão intra abdominal e com uma clínica de queimação retroesternal, pirose, náusea, vômito, tosse crônica, pneumonite e pneumonia aspirativa,. Há ainda relatos de surgimento de esofagite e metaplasia de células escamosas do esôfago, as quais caracterizaram clínica de doença do refluxo, situação em que é sabido que há elevação da incidência de câncer de esôfago.

CONCLUSÕES

A plicatura dos músculos reto abdominais durante a abdominoplastia está associada ao aumento da PIA, o que está associado ao surgimento de DRGE. Dessa maneira, esta doença apresenta-se como uma repercussão clínica relevante, uma vez que pode estar relacionada ao desenvolvimento do “esôfago de Barret”, com aumento considerável do risco de câncer esofágico. Ademais, tal procedimento, além das complicações inerentes à própria ferida cirúrgica, como hematomas, seromas e infecções de pele, apresenta implicações clínicas cardiorrespiratórias, renais e circulatórias.

Área

CIRURGIA PLÁSTICA (Inclusive neoplasias malignas de pele)

Instituições

Gastrocirurgia de Brasília - Distrito Federal - Brasil

Autores

Ray Costa Portela, Bernardo D'Ávila Castro Borges, Louizi Oliveira Souza, Ítalo Nunes Vieira, Anna Martins Carvalho, Leandra dos Reis Nunes, Orlando Pereira Faria, Silvia Leite Faria