Dados do Trabalho
TÍTULO
TRAUMA ABDOMINAL COM LESAO DE VIAS BILIARES
INTRODUÇÃO
O trauma abdominal é o sofrimento resultante de uma ação súbita e violenta, exercida contra o abdome por diversos agentes causadores: mecânicos, químicos, elétricos e irradiações. A lesão da via biliar, decorrente do traumatismo contuso ou penetrante, é rara. Ocorre em 0,1% das admissões hospitalares devido ao trauma. Nas vítimas de trauma com lesão da árvore biliar extra-hepática, a exsanguinação por lesão vascular associada constitui a principal causa de morte. A mortalidade do trauma das vias biliares está diretamente relacionada ao atraso no diagnóstico, tipo de tratamento empregado à gravidade do trauma.
RELATO DE CASO
Paciente S.R.S, do sexo masculino, 38 anos, admitido no Hospital Regional de Araguaína-TO, apresentou-se com quadro de dor abdominal em abdome superior associada a febre de 39°C, icterícia, colúria e acolia fecal. Relatou história prévia de trauma abdominal fechado por acidente motociclístico há 5 anos, com lesão de fígado e pulmão, tendo realizado 5 cirurgias. Ao exame: REG, LOTE, ictérico, hipocorado, acianótico, afebril, abdome plano, tenso, doloroso à palpação superficial em quadrantes superiores, esplenomegalia a 3 cm do rebordo costal esquerdo e ruídos hidroaéreos presentes. Suspeitou-se de obstrução das vias biliares, foi internado, com suporte clínico, exames laboratoriais, rotina radiológica de abdome agudo, USG de abdome total, ECG e posteriormente foi realizada uma colangiorressonância (CLRN). Foi confirmado o diagnóstico de coledocolitíase e múltiplos cálculos intra-hepáticos. Realizou-se uma CPRE. Após um mês de internação, desenvolveu IRA. Evoluiu com obstrução intestinal, conduzida com laparotomia exploratória, enterectomia, colangiopancreatografia retrógrada por via abdominal e anastomose biliodigestiva. Complicou com IRA novamente e necessitou de cuidados em UTI por 4 semanas e realizou múltiplas transfusões sanguíneas. Desenvolveu também derrame pleural bilateral e realizou descorticação pulmonar por vídeo. Progrediu com abscesso subfrênico à D na região em que foi retirado o dreno de tórax D. Um mês depois foi novamente internado por drenagem espontânea de secreção hemática e purulenta do abscesso, apresentando dor, edema e febre. A CLRN mostrou volumosa coleção com paredes espessadas em topografia subfrênica D, exercendo efeito compressivo em lobo hepático. O paciente foi medicado, apresentou melhora clínica e recebeu alta hospitalar com antibioticoterapia. No mês seguinte foi reinternado para drenagem do abscesso, tendo boa evolução e sem mais complicações.
DISCUSSÃO
O primeiro teste diagnóstico deve ser uma TC do abdome e da pelve, associando a CLRN e até a CPRE. Não há consenso cirúrgico desta doença, baseado na decisão terapêutica sobre o mecanismo da lesão, a localização anatômica e extensão da mesma, o envolvimento de outros órgãos e a experiência do cirurgião. O tratamento cirúrgico pode incluir reparo primário, uso de próteses ou anastomoses.A estenose do canal representa uma das mais temidas complicações.
Área
TRAUMA
Instituições
Instituto Presidente Antônio Carlos - Tocantins - Brasil
Autores
Andressa Santos Osório, Rone Antônio Alves Abreu, Vinícius Castro Barbosa Fonseca, Paulo Henrique Dias Moraes, João Antônio Américo Machado Batista, Anna Carolina Pereira Gomes, Juliane Lopes Nascimento, Rogério Rodrigues Veloso