Dados do Trabalho
TÍTULO
LESAO INADVERTIDA DA VIA BILIAR APOS COLECISTECTOMIA TRATADA COM HEPATICOJEJUNOANASTOMOSE EM Y DE ROUX
INTRODUÇÃO
Dentre as complicações da colecistectomia, uma das mais temidas deveras é a lesão inadvertida dos ductos biliares. Essa complicação está associada à alta morbimortalidade e hospitalização prolongada. O escopo é relatar o caso de uma paciente de 35 anos que evoluiu
precocemente com dor abdominal difusa e icterícia após colecistectomia. O achado cirúrgico, ratificado pela propedêutica de imagem, identificou lesão do ducto biliar comum. A hepaticojejunoanastomose em Y de Roux foi aventada como a melhor abordagem definitiva
para essa entidade nosológica e realizada sem intercorrências.
RELATO DE CASO
Paciente do sexo feminino, 35 anos, com história de colecistectomia aberta eletiva há 9 dias evoluiu precocemente no pós-operatório com dor abdominal difusa associada a icterícia, vômitos, anorexia e sem distermias. A ultrassonografia de abdômen definiu acentuada coleção de líquido livre intra-cavitário e coleção no leito cirúrgico da vesícula biliar, sugestivo de coleperitôneo e bilioma, respectivamente. Submetida a drenagem de urgência com inventário demonstrando 5 litros de bile na cavidade abdominal, ducto hepático comum com vazamento e ducto cístico friável. Devido à extensa lesão, optou-se inicialmente pelo posicionado de dreno túbulo-laminar na loja da via biliar e dreno de Kehr na via biliar, com realização de coledocotomia e coledocorrafia para evitar extravasamento de bile. A colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) foi elegida como método diagnóstico, devido a possibilidade terapêutica, sendo identificada secção de ducto biliar comum (Bismuth-Strasberg D). A paciente retornou após 2 meses do procedimento para realização do tratamento definitivo através de hepaticojejunoanastomose em Y de Roux. Constatou-se lesão localizada na metade anterior do ducto hepático comum a cerca de 3 mm da desembocadura do ducto hepático direito. O Y de Roux foi confeccionado a 20 cm do ângulo de Treitz com sutura contínua não ancorada por Caprofyl 4-0. A alça jejunal foi levada ao andar supramesocólico para ser anastomosada ao ducto hepático comum por via transmesocólica por meio de sutura com pontos separados utilizando fio absorvível PDS 5-0. Encerrada a cirurgia com colocação de dreno túbulo-laminar (Waterman) na cavidade abdominal. A paciente apresentou boa recuperação, sem intercorrências, recebendo alta no 5º dia pós-operatório.
DISCUSSÃO
A lesão mais prevalente da via biliar é a secção do ducto hepático comum quando este é confundido com o ducto cístico. Destarte, é imprescindível a exposição adequada do Triângulo de Calot para a ligadura correta dos elementos. O manejo das lesões iatrogênicas
das vias biliares é um importante desafio cirúrgico. A correção das lesões biliares está associada a uma taxa de mortalidade perioperatória e morbidade de 4,2% e 32%, respectivamente. O tratamento definitivo requer uma equipe habilitada, podendo ser
postergado a partir de drenagem biliar externa para evitar o surgimento de peritonite biliar enquanto se providencia a correção final.
Área
VIAS BILIARES E PÂNCREAS
Instituições
HOSPITAL DE TRAUMA DE CAMPINA GRANDE/UNIFACISA - Paraíba - Brasil
Autores
HAMILTON BELO DE FRANÇA COSTA, SEBASTIÃO VIANA DA SILVA FILHO, JHONY WESLLYS BEZERRA COSTA, MAÉLY PRISCILA DE OLIVEIRA MENEZES, PEDRO HENRIQUE CALUÊTE DOS SANTOS, RAVENNA FERNANDES FURTADO