Dados do Trabalho


TÍTULO

TECNICA DE FECHAMENTO PROGRESSIVO EM PERIOTENOSTOMIA APOS MULTIPLAS ABORDAGENS ABDOMINAIS: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A peritoneostomia é uma técnica cirúrgica na qual não há síntese da parede abdominal após um ato operatório. Algumas de suas indicações incluem a impossibilidade de se fechar a cavidade abdominal, síndrome compartimental abdominal, sepse abdominal, necessidade de abordagens cirúrgicas sucessivas e instabilidade hemodinâmica. Pra evitar maiores complicações como fístulas, infecções, eviscerações e perdas nutricionais, técnicas de fechamento temporário são utilizadas. O presente estudo refere-se à uma paciente internada no Hospital Municipal Souza Aguiar submetida à peritoneostomia devido impossibilidade de fechamento da cavidade abdominal após múltiplas reabordagens, sendo realizada a técnica de fechamento progressivo com uso de dupla prótese temporária.

RELATO DE CASO

M.A.S, 70 anos, feminina, admitida na emergência do HMSA com quadro de obstrução intestinal por tumor em cólon sigmóide, foi submetida à laparotomia exploradora e retossigmoidectomia à Hartmann. No pós operatório, paciente evoluiu com desabamento de colostomia, sendo reabordada para rematuração da mesma. Após, evoluiu com dois episódios sucessivos de evisceração, sendo optado, no segundo, por mantê-la em peritoneostomia, devido impossibilidade de síntese da parede abdominal. Realizada técnica de fechamento progressivo, com a combinação de tela de polipropileno suturada à aponeurose sobre película de polietileno esterilizado com óxido de etileno revestindo e protegendo as alças intestinais. Ao longo das semanas, foi submetida a lavagem exaustiva da área no leito da enfermaria (foto I), bem como a sucessivas trocas da película protetora de alças e aproximação progressiva da tela de polipropileno.

Após 8 semanas deste processo, a despeito da proposta de retirada do plástico e tela remanescente para ressíntese da aponeurose, paciente evoluiu com pequena fístula êntero-atmosférica, rafiada com fio inabsorvível em ponto único. Com 10 cm de separação entre as bordas da aponeurose, optado por fixação de tela cirúrgica mista parcialmente absorvível junto à mesma, e síntese da pele. No pós-operatório, paciente evoluiu com resolução da fístula entérica, porém apresentou deiscência de sutura dos pontos da pele, sendo procedido ao fechamento por segunda intenção.

DISCUSSÃO

A peritoneostomia é um recurso cirúrgico indicado em pacientes graves, ainda que apresente grandes riscos de complicações como fístulas, infecções, eviscerações e perdas nutricionais. Na tentativa de minimizar tais riscos e acelerar o processo de cicatrização, a tela de polipropileno é utilizada como suporte para a parede abdominal, com proteção das alças por película plástica, impedindo o contato com o meio externo. Sendo assim, é preconizado realizar o fechamento da parede abdominal o mais precoce possível. Embora sejam uma entidade frequente, as peritoneostomias e seu fechamento adequado ainda carecem de estudos randomizados comparando estratégias de condução do abdome aberto e permanecem como grande desafio para os cirurgiões.

Área

MISCELÂNEA

Instituições

Hospital Municipal Souza Aguiar - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Bárbara Bardella Morais, Alexandre de Castro Teobaldo, Thamires Fernandes de Lima Simões, Luiza Bittencourt Coutinho de Oliveira, Beatriz Teodoro Rangel, Fernando Alberto de Vasconcelos Valente, Suzy Regis Arazi Cohen, Renato Helio Messias da Rocha Passos