Dados do Trabalho


TÍTULO

TRATAMENTO CIRURGICO DE DIVERTICULO MEDIO-ESOFAGICO POR TORACOSCOPIA: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Os divertículos esofágicos são classificados quanto a localização, composição de sua parede e etiopatogenia. Os divertículos médio-esofágicos são afecções raras e pouco descritas na literatura. A maioria dos pacientes é assintomática e a indicação de tratamento cirúrgico se restringe àqueles com manifestações clínicas importantes ou divertículos de grandes dimensões. Atualmente, existe uma discussão pertinente sobre o melhor acesso cirúrgico, porém ainda sem consenso na literatura. Também não há conformidade sobre a diverticulectomia isolada ou associada a técnicas de correção de dismotilidade esofágica, embora a segunda pareça ser mais advogada. Este relato de caso tem como objetivo melhorar o manejo baseado em evidências do paciente portador dessa afecção, à medida que busca ampliar a literatura disponível.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo feminino, 71 anos, portadora de diabetes mellitus e hipertensão arterial, procurou atendimento com queixa de disfagia, há cerca de 1 ano, acompanhada de regurgitação. Exame clínico sem alterações.
Realizada investigação diagnóstica com endoscopia digestiva alta, tomografia de tórax e EED, que evidenciaram divertículo em parede lateral direita do esôfago, medindo cerca de 5,8 x 3,5cm e peristaltismo esofagiano preservado. Prosseguida avaliação pré-operatória, sendo a paciente liberada como ASA II, por comorbidades e distúrbio ventilatório obstrutivo leve.
Submetida a tratamento cirúrgico laparoscópico, com diverticulectomia isolada, realizada com grampeador linear laparoscópico, em posição prona e com intubação seletiva, além de drenagem em selo d’água do hemitórax direito.
Paciente realizou pós-operatório imediato em UTI, onde permaneceu por 48h. Recebeu nutrição parenteral exclusiva por 10 dias, quando foi liberada dieta via oral, após teste com azul de metileno sem extravasamento pelo dreno. Retirado dreno no 12º PO e alta hospitalar no dia seguinte. Seguimento ambulatorial com 1, 3 e 12 meses, sem sinais de recidiva e assintomática.

DISCUSSÃO

A maioria dos divertículos médio-esofágicos apresenta-se classicamente como divertículo verdadeiro. Neste caso, o resultado da avaliação anatomopatológica do espécime revelou tratar-se de divertículo falso.
Em relação à clínica, a paciente era sintomática (minoria dos casos) e relatava dois dos sintomas mais comuns: disfagia e regurgitação.
Quanto à técnica cirúrgica, pode-se realizar diverticulectomia isolada ou associada a técnicas para correção de dismotilidade esofágica. Alguns trabalhos sugerem que a primeira técnica esteja relacionada a maior taxa de recidiva, o que não foi constatado neste caso, até 1 ano de seguimento.
Por fim, apesar do estabelecimento das técnicas minimamente invasivas, a toracotomia ainda é uma abordagem utilizada e a presença de distúrbio ventilatório apresenta contraindicação relativa para toracoscopia. Apesar de a paciente apresentar distúrbio ventilatório leve, foi optado pela toracoscopia, e tanto o intra-operatório quanto o PO transcorreram sem intercorrências.

Área

ESÔFAGO

Instituições

Hospital e Maternidade São Cristóvão - São Paulo - Brasil

Autores

Amanda Alessi Fernandes MELO, Mauricio Alves RIBEIRO, Caroline Petersen Costa FERREIRA, Sansiro DE BRITO, André Soares GALLO, Elisa Maria Camargo ARANZANA