Dados do Trabalho
TÍTULO
Manejo endoscópico em paciente com adenocarcinoma gástrico e hemorragia digestiva alta: relato de caso
INTRODUÇÃO
O câncer gástrico representa a segunda causa de morte por malignidade no mundo, principalmente em homens, os sintomas iniciais inespecíficos e a falta de rastreio contribuem para esse fato. O tipo histológico mais comum é o adenocarcinoma. A perda brusca de peso e dor abdominal persistente, a presença de melena e hematêmese é pouco comum nesses casos (20%).1 A metástase hepática é o sítio mais comum. O câncer gástrico é classificado de modo macroscópico pelo sistema de Borrmann (de I a IV - polipóide, ulcerado, ulcero-infiltrado e infiltrativo) e microscopicamente com a classificação de Lauren (nos tipos intestinal e difuso).
RELATO DE CASO
Paciente 76 anos, sexo masculino, ex-tabagista, origem asiática. Tendo como comorbidades diabetes, hipertensão, colecistolitíase, deu entrada no pronto socorro com quadro de dor em região epigástrica persistente associado a hiporexia e perda ponderal de 16 kg em 3 meses. Referiu episódio de hematêmese volumosa e melena com hemoglobina de 5.9 há 2 dias . Tendo realizado cerca de oito concentrados de hemácias. Na tomografia com contraste foi evidenciada a presença de linfonodos perigástricos, hepatopatia crônica com sinais de hipertensão portal, densidade hepática heterogênea evidenciando a suspeita de acometimento neoplásico. Na endoscopia foi realizada a escleroterapia para hemostasia e aspirado coágulos em estômago e evidenciou lesão úlcero-infiltrativa gástrica Bormann III em incisura angular estendendo para parede anterior e grande curvatura, não sendo realizados biópsias, procedimento sem intercorrências e houve estabilização do quadro. Como conduta não foi indicada ressecção cirúrgica, mas realização da radioterapia hemostática e acompanhamento especializado devido ao diagnóstico histopatológico de adenocarcinoma gástrico com metástase hepática e linfonodal.
DISCUSSÃO
Nesse caso a presença de sangramento maciço no trato gastrointestinal (representando cerca de 1-5% dos quadros de hemorragia digestiva alta) não é uma apresentação incomum, pode estar associada a um quadro de malignidade ou causa de morte imediata. O tratamento se torna limitado devido ao grau de avanço da doença2. O método diagnóstico mais importante é a endoscopia digestiva com obtenção da amostra para análise histopatológica. O tipo de câncer gástrico demonstrado na endoscopia digestiva Borrmann III (aspecto úlcero-infiltrativo, com invasão de tecidos vizinhos e difícil limitação), representa um subtipo comum5 e está associado a quadro de hemorragia digestiva alta em pacientes metastático. A intervenção endoscópica é a que representa melhor prognóstico e evita a recidiva do quadro hemorrágico6. O método cirúrgico representa a única forma curativa da doença, no entanto a maioria não se inclui nesse grupo 3, devido à presença de metástase, invasão de uma estrutura vascular maior como a aorta, oclusão da artéria hepática e do axis da artéria esplênica, sendo fatores que contraindicam a ressecção cirúrgica.
Área
ESTÔMAGO E DUODENO
Instituições
Centro universitario de Brasilia - Distrito Federal - Brasil
Autores
Camilla Gatto de Oliveira Thomé, Caroline Barreto Cavalcanti, Mariana Nunes Gandara Pereira Morbeck, Wendel dos Santos Furtado