Dados do Trabalho


TÍTULO

MEDIASTINITE EM DECORRENCIA DE TRATAMENTO DE FISTULA EM GASTRECTOMIA VERTICAL: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Em todo procedimento cirúrgico, o paciente estará em risco de complicações. Ao se submeterem a uma cirurgia bariátrica podem estar sujeitos a peritonites, herniações, mediastinites. O problema se agrava quando ocorre alimentação após o procedimento. O transtorno compulsivo alimentar eleva o risco de ruptura da linha de grampo cirúrgico, gerando vazamento de líquido para o peritônio, causando inflamação.

RELATO DE CASO

D.B.F., 30 anos, mulher, branca, natural de Recife. Foi realizado Gastrectomia Vertical, tendo alta hospitalar após 2 dias. Após alta, ela relatou dores e aumento de volume abdominal após ingestão de alimentos triturados. Foi medicada, apresentando melhora, e realizado TC de tórax e abdome, a qual indicou pequeno derrame pleural bilateral, pneumoperitôneo e líquido livre nas goteiras parietocólicas. Encaminhada à UTI, iniciou antibioticoterapia. No dia seguinte, realizou endoscopia, indicando líquido de estase bilioso em esôfago e fístula gástrica de pequeno calibre no ângulo de His. Realizado colocação de prótese esofágica metálica autoexpansível parcialmente recoberta e uma cirurgia para drenagem de abscesso. Ela permaneceu em UTI por 3 dias, em uso de ATB, com boa evolução e alta. Retornou após 4 dias com quadro de icterícia e febre. A USG de abdômen revelou espessamento da vesícula e líquido livre na cavidade. Foi iniciado antibioticoterapia e 5 dias depois, realizado colecistectomia. Encaminhada para retirada da endoprótese, transcorrendo sem problemas. Porém, após o procedimento apresentou quadro de hematêmese e sensação de corpo estranho na boca. Foi constatado eversão total da mucosa esofágica pela cavidade oral, realizando-se uma endoscopia para colocação da mucosa evertida para o lúmen esofágico e fixação com endoclips metálicos. Transferida para UTI, foi solicitada TC de tórax e abdome e diagnosticando mediastinite. Foi realizado uma mediastinoscopia que ocorreu sem intercorrências. Evoluiu com melhora lenta, fazendo uso de antibiótico. Foi relatado pela equipe de enfermagem que ela ingeriu alimentos sólidos na véspera da retirada da prótese. Após 10 dias foi realizada dilatação hidrostática com balão de 10 mm e repetido dias depois. Ela recebeu alta hospitalar no 21º, seguindo em acompanhamento ambulatorial para realizar endoscopias e dilatações semanais.

DISCUSSÃO

É fundamental pesquisar a presença de Compulsão Alimentar Periódico, visto que pode comprometer o resultado cirúrgico. Burlar a restrição alimentar gerou a total eversão da mucosa esofagiana, necessitando de pronto tratamento para evitar que a mediastinite resultante leve o paciente a óbito. Nesses casos, a relocação e proteção da mucosa com próteses metálicas são indicadas. Porém, o tratamento endoscópico não é isento de complicações que podem ser severas pela própria natureza da endoscopia e da endoprótese. Nesse caso, a evolução foi lenta, mas obteve-se êxito, tendo a paciente recebido alta do tratamento com deglutição totalmente restabelecida e cirurgia gástrica sem comprometimento.

Área

ESÔFAGO

Instituições

Universidade Católica de Pernambuco - Pernambuco - Brasil

Autores

Thomás Soares Guedes, Gustavo Henrique Ribeiro Costa, Paloma Morcourt Diniz Silva, Caio Márcio Miranda Filho, Alessandro Peixoto Araújo, Flávio Coelho Ferreira