Dados do Trabalho


TÍTULO

ABSCESSO PRE-SACRAL SECUNDARIO A FERIMENTO POR ARMA DE FOGO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A ocorrência de abscesso nos diversos compartimentos e espaços virtuais da pelve é uma das complicações conhecidas dos ferimentos traumáticos da pelve. O tratamento destes abscessos irá variar conforme a sua localização, volume e relação com as vísceras adjacentes. Relatamos o caso de um paciente de 21 anos, vítima de ferimento por arma de fogo (FAF), evoluindo com abscesso pré-sacral de difícil tratamento cirúrgico.

RELATO DE CASO

Paciente de 21 anos, vítima de ferimento por arma de fogo com orifício de entrada em região glútea direita e saída em períneo. Foi inicialmente avaliado em outro serviço, sendo constatada por meio de tomografia computadorizada (TC) a ausência de fraturas ósseas, líquido livre em cavidade peritoneal, pneumoperitônio ou lesões urológicas, sendo então optado por tratamento não-cirúrgico. O paciente recebeu alta hospitalar em bom estado geral, porém retornou após 14 dias com quadro de febre, dor pélvica, tenesmo e piora de estado geral. Foi realizada nova TC que constatou a presença de coleção líquida com cerca de 200ml adjacente à face anterior do sacro, sem aparente comunicação com vísceras ocas, estendendo-se sobre o músculo psoas maior direito e em contato com a face posterior do ceco, sem outras alterações dignas de nota no exame. Inicialmente o paciente foi manejado com antibioticoterapia venosa no serviço de origem, porém ao persistir com febre, dor e leucocitose, foi optado por realizar a sua transferência para hospital terciário.
O paciente foi então submetido a laparotomia exploradora para drenagem do abscesso, sem achados à inspeção inicial da cavidade peritoneal, sendo realizada manobra de Cattell-Braasch estendida até a linha média, com exposição de aorta abdominal e veia cava inferior. Em região pélvica foram encontradas aderências firmes no retroperitônio, após ligadura da artéria sacral mediana e disseção na linha mediana abaixo da bifurcação das artérias ilíacas comuns, ocorreu drenagem de secreção purulenta em grande quantidade. A avaliação intra-operatória do reto e do sacro demonstrou que ambos se encontravam íntegros. Foi então realizada lavagem exaustiva da cavidade e deixado dreno tubular no espaço pré-sacral, o qual foi retirado no 7 dia pós-operatório. O paciente apresentou boa evolução pós-operatória, recebendo alta hospitalar assintomático.

DISCUSSÃO

Os abscessos de região pélvica ocorridos após lesão traumática desta região, tal como o ferimento por arma de fogo descrito no caso relatado, podem constituir um desafio cirúrgico devido à via de acesso e às estruturas nobres adjacentes. Particularmente em região pré-sacral, existe o risco de lesão de veias tributárias das ilíacas internas e do plexo sacral. Em abscessos menores, o tratamento conservador com antibioticoterapia é uma opção. No caso de abscessos pré-sacrais com necessidade de drenagem cirúrgica pelo seu volume, uma opção é o acesso por meio de manobra de Cattell-Brasch estendida e dissecção na linha média, com menor risco de lesões de vasos pélvicos.

Área

TRAUMA

Instituições

Hospital Universitário de Brasília - Distrito Federal - Brasil

Autores

Gustavo de Sousa Arantes Ferreira, Leonardo Augusto Lima Farias, Fernando Fontes Souza, Osvaldo Gonçalves da Silva Neto, Adriano Pamplona Torres, Andrea Pedrosa Ribeiro Alves Oliveira, Bruno Luis de Oliveira Correa