Dados do Trabalho
TÍTULO
SINDROME DE OGILVIE: UM RELATO DE CASO.
INTRODUÇÃO
Pseudo-obstrução intestinal ou Síndrome de Ogilvie, condição rara caracterizada por dilatação colônica sem causa mecânica, tipicamente encontrada em paciente crítico, cirúrgico ou do trauma. Perfuração e isquemia são as complicações mais graves desta entidade, o que motiva intervenção. Manejo desta pode ser conservador ou intervencionista. Este trabalho visa relatar o caso de paciente manejada conjuntamente com Ortopedia do Instituto Hospital de Base (IHB/DF) e Cirurgia de Coluna do Hospital Regional Leste (HRL/DF) que evoluiu com síndrome de Ogilvie, requerendo intervenção conjunta da Cirurgia Geral para melhor manejo.
RELATO DE CASO
CGC, feminina, 34 anos, obesa com depressão crônica em tratamento irregular e antecedentes de tentativas de suicídio. Nova tentativa com saltando de altura dia 04/02. Na admitida no IHB identificadas fraturas de corpos vertebrais, quadril à direita e calcâneos. Encaminhada ao HRL para artrodese de coluna. No intraoperatório recebeu duas bolsas de concentrado de hemácias. No pós-operatório, permaneceu em UTI por 3 dias com analgesia opioide e, após, enfermaria. Alta para acompanhamento ambulatorial de fraturas em 25/02. Regressa ao HRL em 27/02 com infecção de ferida operatória, distensão e dor difusa abdominal, negando flatus há dois e fezes há um dia. Realizada analgesia opioide e TC de abdome com contraste, evidenciando distensão de cólon e ceco (11,3cm), sem líquido livre ou pontos de obstrução. Suspeitada Síndrome de Ogilvie. Por insucesso de medidas conservadoras, não dispormos de equipe de colonoscopia e risco de perfuração cecal, indicada laparotomia exploratória. No transoperatório, ceco, cólon ascendente e transverso distendidos, porém viáveis; cecostomia e colocação de sonda de Foley nº24 para descompressão. Em seguida, desbridamento da FO de artrodese pela coluna. Manteve-se na UTI por oito dias, com regressão da analgesia opióide, progressão da dieta e enema para estímulo evacuatório. Atualmente na enfermaria da Cirurgia Geral com gradual evolução da motilidade intestinal.
DISCUSSÃO
Caso notável pelas múltiplos fatores de risco para síndrome de Ogilvie: paciente politraumatizada, restrita ao leito (devido às fraturas de calcâneo e quadril), necessidade de analgesia opioides prolongada, hipoperfusão com necessidade de concentrado de hemácias na primeira cirurgia. Intervenção cirúrgica para Síndrome de Ogilvie é exceção, como corrobora o Guideline da Society of Colon and Rectal Surgeon, sendo necessário nesta paciente devido a refratariedade ao manejo conservador, ausência de colonoscopia e imagem de TC compatível com Síndrome de Ogilvie e distensão cecal com risco de perfuração. Síndrome de Ogilvie se mantém desafio clínico devido a literatura limitada e dados conflitantes entre estudos. O reconhecimento precoce e o manejo adequado são importantes para o desfecho do paciente. Este trabalho ilustra paciente típico e esperamos que possa auxiliar na conduta médica e em trabalhos futuros sobre o tema.
Área
COLOPROCTOLOGIA
Instituições
COREME-ESCS - Distrito Federal - Brasil
Autores
André Jaccoud de Oliveira, Nimer Ratib Medrei, Eddi Sofia Sericia Mejias Medrei, Daniel Petriz