Dados do Trabalho
TÍTULO
RECIDIVA DE HERNIA HIATAL PARAESOFAGICA TRATADA COM COLOCAÇAO DE TELA: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
O tratamento cirúrgico da doença do refluxo gastroesofágico é um dos procedimentos mais realizados dentro do campo da cirurgia do aparelho digestivo. Existem fatores que complicam a realização deste procedimento, tais como a presença de aderências ocasionadas por cirurgias prévias, herniação paraesofágica do fundo gástrico, presença de volvo gástrico e um hiato esofágico de dimensões muito aumentadas, com necessidade de colocação de tela para o seu adequado fechamento. Relatamos o caso de uma paciente de 68 anos que possuía todos esses fatores complicadores da cirurgia, ressaltando o potencial de complexidade do tratamento da hérnia hiatal.
RELATO DE CASO
Paciente de 68 anos, sexo feminino, portadora de doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) bastante sintomática, com endoscopia digestiva alta (EDA) demonstrando esofagite grau D da classificação de Los Angeles, e melhora apenas parcial dos sintomas com o uso de inibidores de bomba de prótons. Foi submetida a fundoplicatura esôfago-gástrica com confecção de válvula de 360 graus à Nissen-Rossetti, por videolaparoscopia. Durante a cirurgia foi visualizada hérnia hiatal mista, com componente de deslizamento e paraesofágico, e houve dificuldade na mobilização do fundo gástrico, sendo visualizado hiato esofágico bastante alargado, e então realizado o fechamento parcial do mesmo com pontos separados de fio de sutura inabsorvível. A paciente apresentou boa evolução pós-operatória, sem disfagia significativa e controle completo dos sintomas de DRGE sem a necessidade do uso de inibidores de bomba de prótons. Após 5 anos, começou a apresentar sintomas importantes de dor epigástrica, náuseas e vômitos, associados à alimentação. Realizou nova investigação com EDA que demonstrou ausência de esofagite, porém presença de volvo gástrico (desfeito durante o exame) e volumosa hérnia hiatal paraesofágica. Realizou tomografia computadorizada, que demonstrou a herniação de quase todo o estômago (sendo poupada apenas a parte distal do antro e o piloro) através do hiato esofágico, volvo gástrico mesentérico-axial e válvula da cirurgia prévia também herniada para o mediastino. Foi optado então por nova abordagem laparoscópica, sendo desfeitas aderências da cirurgia prévia, ressecado volumoso saco herniário e realizada redução do estômago, esôfago abdominal e grande parte do omento maior que se encontravam no mediastino. Foi então colocada tela protética de dupla face, fixada ao diafragma com pontos de fio inabsorvível, com redução no diâmetro do hiato esofágico. Por fim, foi confeccionada nova válvula anti-refluxo 360 graus com o fundo gástrico e realizada gastropexia. A paciente apresentou boa evolução pós-operatória, com alta no 2 dia pós-operatório, sem novos sintomas de dor ou disfagia.
DISCUSSÃO
A correção de defeitos volumosos do hiato esofágico tem sido feita de forma mais segura com o uso de telas protéticas de dupla face, que permitem ao cirurgião ajustar o diâmetro ideal da passagem do esôfago pela mesma.
Área
ESÔFAGO
Instituições
Hospital Universitário de Brasília - Distrito Federal - Brasil
Autores
Gustavo de Sousa Arantes Ferreira, Osvaldo Gonçalves da Silva Neto, Fernando Fontes Souza, Leonardo Augusto Lima Farias, Ana Virginia Ferreira Figueira, Adriano Pamplona Torres, Andrea Pedrosa Ribeiro Alves Oliveira