Dados do Trabalho


TÍTULO

CISTOADENOCARCINOMA DE PANCREAS: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

As lesões císticas pancreáticas acometem 2-45% da população, predominando em indivíduos mais velhos, sendo as neoplasias malignas 10% a 15% destas. São divididas em tumores cístico-seroso, cístico-mucinosos, sólido-císticos pseudopapilares e mucinosos papilares intraductais (IPMN). À exceção do IPMN que não apresenta predileção por sexo, todos predominam em mulheres.
O tumor cístico-seroso (20-30%), mais comum acima de 50 anos, tem crescimento lento e potencial maligno quase nulo. Em geral são microcistos assintomáticos com padrão de “favo de mel”. De aspecto radiológico multilobulado com calcificação central estrelada, a análise do fluido cístico revela baixo CEA e baixa viscosidade.
O tumor cístico-mucinoso (30-40%) acomete principalmente corpo e cauda pancreática de mulheres acima de 40 anos, sendo a lesão única de paredes finas com epitélio colunar em volta de um estroma ovário-símile de células produtoras de mucina. Maior potencial maligno quando grandes.
O tumor sólido-cístico pseudopapilar (Tumor de Frantz) é raro (1-5%), predomina entre a 2ª e 3ª década de vida com conversão maligna em cerca de 10% do casos. Sua cavidade é formada por degeneração necrótica. Devido crescimento lento, tem bom prognóstico ainda que metastático.
Os IPMN (25%) predomina acima de 50 anos. São lesões produtoras de mucina que se comunicam com o ducto pancreático dilatando-o, podendo gerar pancreatite recorrente. Mais comuns na cabeça do pâncreas, podendo ser multifocal. Tem maior risco de malignização ao afetar o ducto pancreático principal. Apresenta fluido cístico com CEA elevado.
Lesões com potencial maligno devem ser ressecadas.

RELATO DE CASO

MEA, feminina, 38 anos, diabética tipo II, admitida com quadro de dor em hipocôndrio direito e icterícia. Ecografia abdominal evidenciando colecistite litiásica e tumoração sólido-cística em corpo/cauda do pâncreas. Tomografia abdominal descreve a mesma lesão associada a varizes de fundo gástrico e coledocolitíase, sugerindo tumor de Frantz. Submetida a CPRE com drenagem purulenta das vias biliares. No serviço de Aparelho Digestivo do Hospital Universitário de Brasília foi procedida a pancreatectomia distal e esplenectomia videolaparoscópica, convertida a laparotomia por dificuldade técnica. Análise histopatológica evidencia cistoadenocarcinoma mucinoso com margens livres e linfonodos negativos. Encaminhada a oncologia clínica.

DISCUSSÃO

O caso em questão demonstra a dificuldade de se realizar o diagnóstico definitivo da lesão apenas com o exame de imagem visto o diagnóstico discordante entre a suspeita tomográfica e o a biópsia. Devido sintomas obstrutivos e risco de malignização foi optado pela ressecção cirúrgica do tumor. Segundo a literatura, apesar da associação de métodos de imagem e punção do líquido intralesional representar importante avanço, 1/3 das lesões não tem diagnóstico definitivo. Assim a decisão de se abordar um cisto pancreático continua um desafio ao cirurgião visto o alto risco da abordagem pancreática e suas complicações.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Hospital Regional de Taguatinga e Hospital Universitário de Brasília - Distrito Federal - Brasil

Autores

Karla de Sousa Correia, Ana Virginia Ferreira Figueira, Fernando Fontes de Souza, Adriano Pamplona Torres, Mariana Magalhães Rodrigues dos Santos, Wladimir Fernandes Bezerra, Mateus Medeiros, Gabriela Mendonça Vilar Trindade