Dados do Trabalho


TÍTULO

TUBERCULOSE PERITONEAL SECUNDARIA AO USO DE ADALIMUMABE

INTRODUÇÃO

A tuberculose (TB) é responsável por cerca de 1,7 milhão de mortes anualmente no mundo e o número de novos casos vem aumentando. A terapia imunológica é usada como tratamento das doenças reumatológicas desde a década de 90, e tem implicado na melhoria dos resultados terapêuticos e da qualidade de vida, bem como na redução na morbimortalidade dos pacientes. Em contrapartida, aumenta susceptibilidade para infecções e infecções oportunistas. O objetivo deste trabalho é relatar o caso de um paciente com tuberculose peritoneal secundária a terapia com adalimumabe.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 40 anos, diagnosticada com espondilite anquilosante em 09/2015. Iniciado anti-TNFα em 02/2017 (PPD negativo). Ao exame físico, abdômen distendido, dor difusa a palpação e piparote duvidoso. Em 06/2018, exames laboratorias mostram plaquetopenia (76.000), ALT=125, AST=138. A tomografia abdominal: ascite volumosa e derrame pleural laminar a direita. Líquido ascítico: proteinas totais=5,7, albumina=1,9, globulina=3,8, cel 2.400 (Linfócito=85% Neutrófilo=3% Monócito=12%), macrófagos e células mesoteliais ausentes. Amilase=35, DHL=696. Bacterioscopia: negativa, cultura: negativa, adenosina deaminase (ADA)=63, VR=0-30. Na videolaparoscopia há descrição de espessamento peritoneal, lesões branco-amareladas difusas e fibroaderências. Biópsia: a primeira amostra foi de peritônio parietal que mostrou extenso processo inflamatório crônico granulomatoso, com células gigantes do tipo Langhans e focos de necrose caseosa. A pesquisa de BAAR e fungos foi negativa e ausência de sinais de malignidade. A segunda amostra foi do ligamento falciforme , no qual a pesquisa de BAAR foi positiva (+/4+), portanto confirmou TB peritoneal.

DISCUSSÃO

A terapia com os anti-TNF está associada a um grande risco de desenvolvimento de infecções oportunistas, particularmente a TB, visto que a TNF-alfa é uma importante citocina na regulação do sistema imunológico . Existem evidências que o risco de reativação de TB aumenta de 5 a 10 vezes após o uso dos anti-TNFs, quando comparados com outros tratamentos na mesma população. Uma revisão recente sobre a incidência de infecções granulomatosas após tratamento com as drogas biológicas, relatadas ao U.S. Food and Drug Administration (FDA), de 09/1998 a 09/2002, evidenciou uma taxa que variou de 74 a 197 por 100.000 pacientes tratados, dependendo da droga utilizada. Portanto, é mandatória a realização de PPD e RX de tórax antes da infusão. Pacientes com teste PPD > que 5 mm e RX de tórax normal devem receber isoniazida por seis meses, podendo o anti-TNF ser iniciado após o primeiro mês desse tratamento. O caso relatado teve manifestação habitual em relação à literatura, no entanto, é necessário ressaltar que mesmo com os cuidados preventivos e preocupações para evitar a emergência de TB nos pacientes em uso de imunossupressores, esta pode ocorrer.

Área

PAREDE ABDOMINAL

Instituições

Unievangélia - Goiás - Brasil

Autores

geovana thees perillo rodigues, fabia mara g p oliveira, ana gabriela cardoso ferraz, marcelo pimenta