Dados do Trabalho
TÍTULO
REPARO LAPAROSCOPICO DE HERNIA INCISIONAL ENCARCERADA EM PACIENTE OBESA: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Hérnias agudamente encarceradas devem ser corrigidas emergencialmente para evitar isquemia e necrose do conteúdo herniário. A laparoscopia deve ser utilizada com cautela nessa situação, principalmente pelo risco de acidentes de punção. Entretanto, em pacientes obesos, a técnica pode ser vantajosa, com menos morbidade em relação ao reparo laparotômico.
RELATO DE CASO
Paciente feminina, 52 anos, obesa, atendida na urgência do Hospital do Servidor Estadual de São Paulo, com dor abdominal paraumbilical esquerda há 13 horas associada a abaulamento não redutível nessa região. Ao exame físico havia abaulamento de grande volume, através de defeito na parede abdominal, irredutível manualmente. A presença de hérnia foi confirmada através de tomografia computadorizada, que evidenciou protrusão de gordura e alças entéricas com importante distensão e sinais de sofrimento do conteúdo herniário. A paciente foi prontamente encaminhada ao centro cirúrgico, estável clinicamente.
Inicialmente realizada punção supraumbilical para exploração da cavidade e posteriormente os demais trocateres introduzidos sob visão direta. Posicionados um em região epigástrica, para a óptica, e dois em flanco direito, para manipulação com pinças. Identificado defeito de 6x4 cm, com presença de epíplon parcialmente necrosado e alças intestinais viáveis. Realizada portanto ressecção do saco com extração das alças para a cavidade e remoção de parte do epíplon. Colocada tela dupla face em posição underlay, fixada com clipador. Retirado epíplon necrosado pela punção em epigastro. Feito curativo abdominal compressivo com tensoplast.
A paciente evoluiu sem intercorrências em leito de enfermaria, aceitando dieta oral no primeiro dia pós-operatório (DPO). Recebeu alta no terceiro DPO, com manutenção do curativo compressivo e uso de cinta abddominal. Compareceu para revisão no sétimo DPO sem relato de intercorrências, referindo pouca necessidade de analgesia e mostrando-se satisfeita com o resultado da operação. Sem evidência de coleções ao exame físico após retirada do curativo.
DISCUSSÃO
A técnica cirúrgica ideal para reparo de hérnias agudamente encarceradas varia dependendo da anatomia, estabilidade e comorbidades do paciente e do grau de contaminação do campo operatório. Dados da literatura atual apontam para superioridade da técnica laparoscópica, com menor incidência de infecção de sítio cirúrgico, menos dor, recuperação mais rápida e índice de recidiva menor ou comparável ao reparo laparotômico. Além disso, a curva de aprendizado é potencialmente pequena para a realização segura do procedimento por cirurgiões com treinamento básico em laparoscopia. Em pacientes obesos, é evidente a maior associação com internação prolongada, maior índice de infecção de sítio cirúrgico, recorrência e reinternações após correção de hérnias ventrais. Para esses pacientes, a laparoscopia é particularmente vantajosa, tendo sido associada com menores índices de complicação, com tempo operatório equivalente em relação ao reparo aberto.
Área
PAREDE ABDOMINAL
Instituições
Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo - São Paulo - Brasil
Autores
Letícia Moreira Fontes, Amanda Vilas Calheiros, Thayssa Araujo de Sa Barreto, Ana Beatriz Campelo Campos, Aline Vaz Borges, Bernardo Luiz Campanário Precht, Matheus Vieira dos Santos, Gabriel da Silva Morfin