Dados do Trabalho


TÍTULO

TRAUMA PANCREATICO CONTUSO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O trauma abdominal contuso responde por 80% das lesões abdominais atendidas nos serviços de emergência. A maioria dos casos envolve acidentes automobilísticos, sendo o baço e o fígado os órgãos sólidos mais comumente lesados. A lesão pancreática é pouco frequente e tem incidência de apenas 0,2% a 12% nas vítimas de trauma abdominal fechado. Seu diagnóstico costuma ser tardio pela inespecificidade dos achados clínicos e laboratoriais bem como sua desproporção com a gravidade da lesão.

RELATO DE CASO

Paciente, 25 anos, sexo masculino, vítima de colisão de baixo impacto entre moto X anteparo fixo, foi atendido em Hospital Público do Distrito Federal com queixa de dor em andar superior de abdome e três episódios de vômitos. Recebeu alta, com orientações. Retornou no dia seguinte em choque hipovolêmico. Foi submetido a FAST que mostrou discreto hematoma perirrenal à esquerda com pequena quantidade de líquido livre, sendo optado por realizar tomografia devido estabilidade hemodinâmica. A TC revelou cabeça e colo do pâncreas hipodensos e mal definidos, associado a líquido adjacente. Optou-se por Laparotomia Exploradora na qual se observou grande quantidade de necrose gordurosa em omento, mesentério, parte do transverso, parede anterior do estômago e cabeça do pâncreas. Foi ressecado o transverso e confeccionado colostomia. No pós-operatório imediato, apresentou choque distributivo, sendo encaminhado à UTI onde permaneceu por três meses. Evoluiu com múltiplas abordagens cirúrgicas, com formação de fístula entérica de alto débito em baixo ventre, abdômen congelado e várias coleções assépticas em regiões abdominal e pelve. No momento, encontra-se internado, aguardando drenagem percutânea guiada das coleções.

DISCUSSÃO

O pâncreas raramente é acometido no trauma abdominal contuso devido sua localização retroperitoneal. O diagnóstico clínico é desafio e frequentemente tardio, pois o exame físico não é confiável e os sintomas (dor, rigidez abdominal e defesa), apesar de alta sensibilidade (82%), têm baixa especificidade (45%). Assim, a TC abdominal contrastada é fundamental, sendo método de escolha na avaliação das lesões em pacientes estáveis. As lesões pancreáticas têm taxa de mortalidade superior a 50% decorrente de lesão complexa do órgão, em que se observa hemorragia, infecção e disfunção múltipla de órgãos os quais se manifestam 48 horas após o trauma. O tratamento varia de acordo com o estado hemodinâmico do paciente, a extensão de acometimento da lesão e o acometimento ou não do ducto pancreático. Uma das complicações mais graves após o trauma pancreático é a pancreatite aguda, que pode complicar, em fases tardias, com coleções e fístulas, conforme descrito nesse caso.

Área

TRAUMA

Instituições

Hospital Regional de Taguatinga - Distrito Federal - Brasil

Autores

Rafael Costa De Lima, Ingrid Albuquerque Egito, Leonardo Rodovalho, Amanda Xavier Barroso