Dados do Trabalho
TÍTULO
MAL FORMAÇAO CONGENITA: DUPLICAÇAO GASTRICA
INTRODUÇÃO
Cistos de duplicação gástrica (CDG) são anomalias congênitas raras, benignas, presentes geralmente na curvatura maior do estômago e decorrentes de alterações no início do desenvolvimento embrionário. Sua definição anatômica requer presença de estrutura tubular em íntimo contato com o estômago, contendo camada muscular e vascularização própria.
RELATO DE CASO
Paciente T.A.V.A., sexo feminino, 28 anos, procedente de Divinópolis, foi encaminhada ao serviço terciário devido a episódios recorrentes de vômitos, associados a dor abdominal em andar superior do abdome, de inicio há longa data. Ao exame clínico, a paciente apresentou massa abdominal palpável em quadrante superior direito. Foi indicada, então, tomografia de abdome e endoscopia digestiva alta. À tomografia, evidenciou-se lesão cística de 427 cm3, em espaço sub-hepático, junto à vesícula biliar, comprimindo antro e região pré-pilórica do estômago. À endoscopia, observou-se compressão extrínseca das paredes posterior e lateral do antro gástrico. Assim, foi aventada a hipótese de duplicação de porção do trato digestivo e proposta intervenção cirúrgica, devido ao diagnóstico diferencial com “gastrointestinal stromal tumor” (GIST). A paciente foi submetida à laparotomia exploradora em janeiro de 2018, a qual evidenciou lesão cística em parede posterior do estômago, em íntimo contato com a curvatura maior, sem comunicação com o lúmen desse órgão. Foi realizada ressecção da lesão, com envio do material para estudo anatomopatológico, que confirmou o diagnóstico de CDG pelo encontro, na peça, de estrutura tubular, com paredes fibromusculares, revestida internamente de mucosa.
DISCUSSÃO
Cistos de duplicação são anomalias congênitas que podem ser encontradas em todo o trato gastrointestinal, sendo mais frequentes no íleo e menos comuns no estômago (4% das duplicações de vísceras ocas). Podem ser tubulares, císticas ou esféricas; ter comunicação direta com o lúmen do órgão ou ser adjacentes a ele; possuir revestimento mucoso semelhante ao do órgão adjacente, ao de outro segmento do trato gastrointestinal ou ao de outro sistema orgânico. O cisto é, em geral, percebido incidentalmente por endoscopia, ultrassom ou outros exames de imagem, visto que sintomatologia é incomum. Quando presentes, sintomas incluem dor abdominal, náuseas, vômitos e perda de peso. Complicações são raras, incluindo disfagia, hemorragia digestiva alta, anemia, obstrução pilórica, pancreatite aguda, úlcera péptica, perfuração e formação de fístulas. Embora acredite-se que haja pouco potencial para malignidade, há relatos. O manejo de cistos assintomáticos geralmente é expectante, mas a ressecção cirúrgica tem sido recomendada baseada nos potenciais de complicação, incluindo transformação maligna. Entretanto, faltam estudos prospectivos avaliando sua história natural. Quando sintomáticos, podem ser tratados cirúrgico ou endoscopicamente.
Área
ESTÔMAGO E DUODENO
Instituições
Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil
Autores
João Guilherme Ribeiro Jordão Sasso, Bruno Henrique Alvarenga, Rodrigo Martins de Araujo, Cassia Rafaela Leão de Brito, Gabriela Cotta Lipiani, Matheus de Souza Nogueira, Aragana Ferreira Bento Cardoso Leão, Eduardo Nacur Silva