Dados do Trabalho


TÍTULO

SINDROME DE BOERHAAVE COMO DIAGNOSTICO DIFERENCIAL DE DOR TORACICA: UM RELATO DE CASO E REVISAO DA LITERATURA

INTRODUÇÃO

A Síndrome de Boerhaave é a perfuração esofágica espontânea, acometendo, na maioria das vezes, o segmento distal posterior esquerdo do esôfago, causada por aumento da pressão intraluminal deste órgão. Considerando sua fisiopatologia, a maioria dos pacientes apresenta, como sintomatologia inicial, a Tríade de Mackler: vômitos, dor torácica e enfisema subcutâneo. Trata-se de uma condição clínica rara, retardando o diagnóstico, e grave, em virtude da sua rápida evolução para sepse, acarretando elevada taxa de mortalidade.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo masculino, 69 anos, com história de DPOC e hérnia hiatal, apresentou dor em hemitórax esquerdo à inspiração e dispneia, após 10 horas de quadro de pirose e vômitos incoercíveis. O estudo radiológico de tórax evidenciou derrame pleural à esquerda, sendo realizada drenagem torácica, com saída de líquido fétido e purulento, cujo estudos bioquímico e microbiológico aventaram hipótese de pneumonia. Antibioticoterapia empírica foi iniciada. Após 12 dias de hospitalização, paciente relata saída de resíduo alimentar pelo dreno torácico, sugerindo fístula esôfago-pleural, confirmada por tomografia de tórax com contraste oral e endoscopia digestiva alta, que revelaram orifício fistuloso de 1,5cm em terço distal da parede lateral esquerda. Mantida conduta conservadora devido à estabilidade do quadro e ao diagnóstico da fístula com tempo superior a 48 horas. Entretanto, durante internamento, paciente evolui com sepse e veio a óbito.

DISCUSSÃO

A Síndrome de Boerhaave apresenta manifestação clínica a depender da localização da perfuração esofágica e do tempo decorrido até o diagnóstico e tratamento adequado. Como em 90% dos casos a perfuração ocorre no segmento distal do esôfago, a sintomatologia, na maioria dos pacientes, é representada pela Tríade de Mackler. Entretanto, a Tríade de Mackler pode estar ausente em 20% dos casos, e a Síndrome de Boerhaave também pode cursar com sintomatologia inespecífica. Além disso, apesar de a perfuração esofágica espontânea ter fisiopatologia bem conhecida, relacionada ao aumento da pressão intraluminal do esôfago, a Síndrome de Boerhaave também pode desenvolver-se na ausência dos fatores predisponentes clássicos. Tais fatos dificultam o diagnóstico precoce desta condição que, apesar de rara, representando apenas 15% das perfurações esofágicas, é grave, pela rápida evolução para sepse. Apresenta taxa de mortalidade em torno de 40%, podendo atingir cerca de 80%, se não diagnosticada e tratada nas primeiras 48 horas após o início da sintomatologia, o que influencia, também, na escolha da conduta terapêutica - conservadora, endoscópica ou cirúrgica - e, consequentemente, no desfecho do caso. Dentro dessa perspectiva, a Síndrome de Boerhaave é uma das hipóteses diagnósticas a ser aventada em casos que apresentem associação de sintomatologia gastrointestinal e respiratória, sendo ponderada, então, realização de diagnóstico diferencial diante de um quadro de dor torácica.

Área

ESÔFAGO

Instituições

Faculdade Pernambucana de Saúde - Pernambuco - Brasil

Autores

HENRIQUE GUIDO DE ARAÚJO, PEDRO TADEU ALVARES COSTA CAMINHA DE AZEVEDO, THIAGO GUIMARÃES VILAÇA, DANIELLA BANDIM CRUZ, RAFAEL CLARK GOMES