Dados do Trabalho
TÍTULO
HEMANGIOPERICITOMA PLEURAL: RELATO DE CASO DE UM TUMOR RARO COM SITIO DE APRESENTAÇÃO INCOMUM
INTRODUÇÃO
Existe uma grande diversidade de diagnósticos diferenciais quando nos deparamos com uma neoplasia primária de pleura, sendo a mais comum o mesotelioma maligno, uma apresentação bastante agressiva. Neste relato de caso, nós examinamos os tumores localizados de pleura (TLP), os quais se apresentam raramente com comportamento de baixa malignidade. Diante da mudança prognóstica significativa, este tipo de tumor deve ser sempre aventado como hipótese diagnóstica, tendo em vista a relevância em termos de prognóstico e tratamento específico.
RELATO DE CASO
Paciente masculino, 61 anos, ex-tabagista, sem comorbidades. Sem história familiar de neoplasia. Apresentava quadro de cansaço aos médios esforços e dor torácica em hemitórax inferior esquerdo, sem dispneia, tosse ou perda de peso, apresentando nódulo pleural no hemitórax inferior esquerdo, com densidade de partes moles, com pequena calcificação excêntrica medindo 3,3 cm, encontrado em tomografia computadorizada (TC) de tórax (30/08/19). Ressonância magnética (RM) de tórax (18/10/18) demonstrou massa pleural de contornos bem definidos, medindo cerca de 3,1 x 1,5 cm, com densidade heterogênea sólido/cística, apresentando realce pelo meio de contraste endovenoso, situada na pleura costal posterior à esquerda, na altura do décimo arco costal, devendo ser considerada primeiramente a possibilidade de fibroma pleural no diagnóstico diferencial. TC de abdome e pelve não demonstraram lesões semelhantes ou linfonodomegalias. Paciente com boa performance status. Realizada ressecção de tumor por videotoracoscopia, sem intercorrências (04/12/2018). Exame transoperatório com impressão de neoplasia constituída por células monomórficas com formação de redemoinhos, atipias discretas, cistificação central com conteúdo hemorrágico e margem de ressecção comprometida. Paciente evoluiu bem no pós-operatório, recebendo alta no 3° PO. Em revisão ambulatorial, paciente manteve-se bem, sem queixas, exceto por persistência de cansaço aos médios esforços. Exame histopatológico, associado ao perfil imuno-histoquímico, compatível com um tumor fibroso solitário celular (hemangiopericitoma). Paciente em seguimento ambulatorial.
DISCUSSÃO
Os TLPs representam menos de 5% de todas as neoplasias de pleura. Lesões de características histológicas similares tem sido relatadas no mediastino, pulmões, pericárdio e coração, com subtipos tanto malignos como benignos. Sítios extratorácicos podem se apresentar no abdômen, cabeça, pescoço e sistema nervoso central, este último sendo um sítio muito mais comum de hemangiopericitomas. Radiologicamente, TLPs são massas intratorácicas de tamanho variável, apresentam-se em forma de ângulos agudos contra superfícies pleurais adjacentes. Tratamento com excisão cirúrgica é curativo na maioria dos casos, entretanto um número pequeno, mas significativo de lesões recorrem, progridem para malignidade ou metastatizam, sendo necessário revisão clínica periódica.
Área
CIRURGIA TORÁCICA
Instituições
Hospital São Lucas da PUC-RS - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
LORENZO CATUCCI BOZA, THOMÁS PAIVA LIMA DIAS, FELIPE AUGUSTO HAGE SOARES, THIAGO PINTO MENDES, AIRTON SCHNEIDER, MARIA TEREZA RUIZ TSUKASAN, JAYME OLIVEIRA RIOS, JOSE ANTONIO LOPES FIGUEIREDO PINTO