Dados do Trabalho
TÍTULO
PNEUMATOSE CISTICA INTESTINAL: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Pneumatose cística intestinal (PCI) é uma doença rara, com incidência 3: 10.000 indivíduos, caracterizada pela presença de ar na camada subserosa e submucosa do intestino. Apresenta-se com manifestações clínicas isoladas em 15% dos casos, sendo denominada primária ou idiopática e quando está associada à outra doença é considerada como secundária. Para o diagnóstico é necessário à correlação entre exames de imagem e achados clínicos. O tratamento na maioria dos casos é conservador.
RELATO DE CASO
Paciente, masculino, 56 anos, histórico de úlcera gástrica há 12 anos, procura atendimento devido quadro de epigastralgia associado a empachamento, náuseas, vômitos, hiporexia e emagrecimento, com evolução clínica em 6 meses. Fez uso de omeprazol 40 mg sem melhora do quadro. Nega cirurgias prévias. Sem alterações ao exame físico e laboratorial. Em investigação do quadro foi solicitado uma endoscopia digestiva alta que concluiu: esôfago de Barret, pangastrite enantematosa grave e estenose pilórica com dificuldade de esvaziamento gástrico, anatomopatológico revelando metaplasia intestinal completa; e um REED que mostrou uma estenose na primeira porção do duodeno. O paciente foi submetido à laparotomia evidenciando-se uma estenose duodenal péptica e presença de lesões bolhosas de vários tamanhos, transmural e em serosa, em seguimentos salteados do intestino delgado e cólon. Foi realizada a gastrojejunostomia e biópsia das lesões bolhosas que concluiu por tratar-se de PCI.
DISCUSSÃO
A PCI é encontrada no intestino delgado em 42% dos casos, no grosso em 36% e difusamente em 22%. Em 85% dos casos há associação com outras patologias - doença de Crohn, úlceras gástricas, gastrites, colagenases, agentes imunossupressores, e endoscopias. Existem teorias etiopatogênicas que justificam a PCI, entre elas a teoria mecânica, decorrente de traumas, cirurgias, endoscopias ou obstruções intestinais causando o aumento da pressão dos gases no espaço intraluminal sob a parede, como na estenose hipertrófica do piloro. Devido à apresentação clínica ser inespecífica, encontrando queixas como desconforto abdominal, empachamento, epigastralgia, hiporexia, enfisema subcutâneo e hematoquezia, o diagnóstico se torna mais difícil, sendo necessário à correlação entre exames de imagem e achados clínico-laboratoriais. A radiografia de abdômen, ultrassonografia, endoscopia e tomografia computadorizada(TC) são os principais exames, sendo a TC mais sensível, pois é capaz de identificar sinais da presença de ar na parede intestinal, bem como perfuração e obstrução. O tratamento envolve sintomáticos, suporte hemodinâmico, hidroeletrolítico, antibioticoterapia com cobertura anaeróbica e oxigenoterapia hiperbárica. Porém, diante de uma condição clínica grave ou casos não responsivos, há necessidade de intervenção cirúrgica através de videolaparoscopia ou laparotomia exploradora. Este caso acredita-se tratar-se de um achado incidental, visto que o paciente se encontra assintomático apesar das bolhas permanecerem.
Área
ESTÔMAGO E DUODENO
Instituições
Faculdades Unidas do Norte de Minas - Minas Gerais - Brasil
Autores
CLAUDIO HENRIQUE REBELLO GOMES, VIRGINIA SOUSA BRITO, BRUNA RAPHAELA PEREIRA ARCANJO, RENATA CORREA SANTOS