Dados do Trabalho
TÍTULO
PANCREATECTOMIA CORPO CAUDAL VIDEOLAPAROSCOPICA POR TUMOR DE CAUDA DO PANCREAS COMPLICADA COM FISTULA: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
O câncer de pâncreas tem como fatores de risco o tabagismo, pancreatite crônica, diabetes mellitus, sedentarismo e idade avançada (mais comum entre 65 e 80 anos). Estima-se que entre 9% e 28% dos pacientes com CP que realizaram pancreatectomia podem ter como complicação fístula pancreática, pois 80% dos pâncreas são moles e de difícil sutura. A grande variação na probabilidade de desenvolver fístula pancreática se deve às diferenças em sua descrição, sendo ela caracterizada pela drenagem de secreção abdominal rica em amilase. As fístulas pancreáticas podem ser classificadas, de acordo com sua severidade e impacto clínico, em tipos A, B e C, podendo ser assintomáticas ou sintomáticas, com ou sem coleção de fluído peri-pancreático e podendo chegar a condições críticas, como a sepse, por exemplo. O diagnóstico pode ser feito pela análise do líquido pleural ou ascítico (fluído peri-pancreático), pela tomografia computadorizada (TC) ou pela colangiopancreatografia retrógrada endoscópica.
RELATO DE CASO
Paciente do sexo feminino, 61 anos com DM, HAS e DLP, iniciou, em Novembro de 2018, quadro de dor intensa em pontada no terço superior do abdômen e pelve, além de perda ponderal de 7 kg em dois meses. Realizou TC de abdômen e pelve, mostrando imagem nodular arredondada, de contornos bem definidos localizada na cauda do pâncreas, medindo 2,5 x 2,5 cm. Obteve o diagnóstico de Lesão cística da cauda do pâncreas. Foi submetida à pancreatectomia de corpo caudal e esplenectomia por videolaparoscopia. No 2º dia de pós-operatório, apresentou quadro de dispnéia e queda da saturação; a suspeita diagnóstica foi de Tromboembolismo Pulmonar (TEP), apresentou melhora após tratamento para TEP e desmame da oxigenoterapia. Assim, recebeu alta hospitalar, estando em uso de anticoagulação oral com Xarelto e com dreno de Blake com secreção sero-hemática de pouca quantidade (10 ml/24h). Três dias após a alta, notou-se aspecto purulento no conteúdo do dreno, acompanhado por febre e dor intensa no local. Novamente, a paciente foi internada com suspeita de infecção de cavidade e submetida à antibioticoterapia com Piperacilina, Tazobactam e Vancomicina, mantendo o dreno de Blake até clareamento da secreção e a anticoagulação com Xarelto. O histopatológico foi inconclusivo e a imuno-histoquímica foi sugestiva de carcinoma misto de células acinares e neuroendócrinas.
DISCUSSÃO
Vê-se, portanto, que o diagnóstico e intervenção precoce são os pontos principais para contornar as fístulas pancreáticas. Apesar de representarem uma incidência considerável nas pancreatectomias e serem responsáveis por aumentar as taxas de mortalidade nesse procedimento cirúrgico, métodos mais efetivos de manejo das fistulas pancreáticas ainda não atingiram o patamar ideal. Espera-se, a partir de novas pesquisas, surgirem abordagens diagnósticas e algoritmos de conduta/tratamento mais eficientes, a fim de evitar o aumento no tempo de internação hospitalar e na morbidade para o paciente.
Área
VIAS BILIARES E PÂNCREAS
Instituições
Universidade Federal do Ceará - Ceará - Brasil
Autores
RAFAEL WENDON RODRIGUES ROCHA, DANIEL RODRIGUES CORREIA, EUGÊNIO ALVES ROLIM, ANA ELISA BIESEK LEITE, ISABELE MARIA JORGE DE FREITAS, WELLYSON GONÇALVES FARIAS, ANNYA COSTA ARAÙJO DE MACEDO GOES, MARCELO LEITE VIEIRA COSTA