Dados do Trabalho


TÍTULO

MELANOMA DE MARGEM ANAL: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O melanoma anorretal é um tumor raro, representa menos de 2% de todos os melanomas e cerca de 1 a 2% dos tumores do canal anal. Podem localizar-se na região retal (rara), anorretal e anal. O diagnóstico é comum entre a sexta e a oitava décadas de vida.

RELATO DE CASO

Paciente, M.A.A.A., 58 anos, feminino, apresentou ardor e prurido anal associado à mudança de hábito intestinal para constipação há 4 meses, sem perda ponderal. Ao exame físico foi evidenciado lesão hipercrômica de contornos irregulares, com extensão de 2 cm, em quadrante lateral esquerdo de borda anal, a biópsia, complementada com imuno-histoquímica, foi compatível melanoma maligno.
Nos exames de estadiamento, TC de tórax e abdome superior, não foi evidenciado doença à distância, em RNM de Pelve, foi identificado lesão ao nível de margem anal em quadrante posterior esquerdo, com extensão axial máxima de 0,8cm e mínima indefinição dos planos musculares do esfíncter externo circunjacente, e, em PET/CT, ausência de área com aumento patológico do metabolismo do 18F-FDG
A paciente foi submetida a ressecção abdominoperineal (RAP) do reto. O anatomopatológico mostrou margens cirúrgica livres, sem acometimento linfonodal. Encontra-se livre de doença há 3 meses.

DISCUSSÃO

O melanoma é um tipo raro de câncer da região anal, o baixo número de relatos de casos desta afecção (cerca de 600 em todo o mundo, de 1857 até os dias atuais), torna difícil definir um consenso referente ao rastreio, diagnóstico e tipo de tratamento para esta condição clínica.
Pode apresentar-se como lesão hipercrômica (15 a 40% podem ser amelanocíticas), associado a sangramento, prurido, secreção anal, dor anal, alteração do hábito intestinal e fezes em fita. Por vezes o medo, pudor ou ignorância por parte do paciente, atrasa o diagnóstico, o que colabora para piorar a sobrevida e proporcionar baixos índices de cura.
A disseminação pode ser hematogênica (fígado, pulmão, cérebro e ossos) ou linfática (cadeia inguinal, mesentérica e para-aórtica), e não tem relação com o tamanho da lesão.
Após confirmação histológica, é necessário estadiamento para avaliar acometimento à distância, com tomografia de abdome e tórax e RNM de pelve ou USG endoanal.
Atualmente, a ressecção local ampla e a RAP, são as propostas de tratamento existentes. Acredita-se que a RAP reduza a chance de recorrência, com controle de disseminação para linfonodos mesentéricos e obtenção de margem negativa maior, por isso, essa foi a opção de tratamento escolhida. Quimioterapia e radioterapia não tem benefício.
O prognóstico, tendo em vista o grande número de paciente em estágios avançados, é muito ruim, varia de 3 a 15% de sobrevida em 5 anos, com média em torno de 20 meses.
Com a escassez de trabalhos referentes a esse tema, fica evidente a necessidade de mais estudos para padronização do diagnóstico e tratamento, visando melhora da qualidade e aumento da expectativa de vida desses pacientes.

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

IMIP - Instituto de Medicina Integral de Pernambuco - Pernambuco - Brasil

Autores

Kelwin Madson da Silva, Thiago Alexandre Martins Marques, Leticia Amorim Lucena, Fernando Moura Lima, Omar Jacobina de Figueiredo, Victor Lira de Oliveira, Raquel Kelner Silveira, Cristiano Souza Leão