Dados do Trabalho
TÍTULO
FASCEITE NECROTIZANTE EM PACIENTE PORTADORA DE DIABETES MELLITUS: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A fasceíte necrotizante é uma infecção bacteriana grave, de início súbito e evolução progressiva, que acomete os tecidos subcutâneos e fáscia muscular, com alto índice de mortalidade. A etiologia mais comumente relacionada é um abscesso perianal em pacientes com diabetes descompensada. Diagnóstico precoce e intervenção cirúrgica de emergência e agressiva são determinantes para diminuir sua morbimortalidade, além de adjuvantes como antibióticos de amplo espectro, correção de distúrbios hidroeletrolíticos e hemodinâmicos, suporte nutricional e controle glicêmico. Hiperglicemia está associada à má cicatrização, que pode prolongar a utilização de antibióticos e aumentar o número de debridamentos.
O trabalho visa relatar o caso de uma paciente, portadora de diabetes mellitus e de outras comorbidades, com infecção perianal que evoluiu com fasceíte necrotizante, e teve sucesso nas medidas terapêuticas após controle glicêmico.
RELATO DE CASO
Paciente do sexo feminino, de 47 anos, portadora de diabetes mellitus tipo 2, hipertensão e obesidade mórbida. Surgimento de abaulamento em nádega esquerda de crescimento progressivo associado à dor, edema e saída de secreção purulenta fétida, além de febre. Glicemia capilar de 389,0 mg/dL. Feita hipótese diagnóstica de abscesso anorretal, drenagem e debridamento. Colhidas biópsias e culturas. Alta com melhora do quadro álgico e bom estado geral, porém ainda com dificuldade de controle glicêmico (glicemia capilar de 596,0 mg/dL).
No retorno, apresentava permanência da dor, períneo com sinais flogísticos até região inguinal esquerda e lesão perianal esquerda profunda, com sinais de necrose e má perfusão tecidual e odor fétido. Diagnóstico de fasceíte necrotizante, sendo submetida a novo debridamento e antibioticoterapia de amplo espectro, além de controle glicêmico. Evoluiu com choque séptico, enviada para Centro de Terapia Intensiva, realizada intubação orotraqueal e drogas vasoativas. Glicemia média de 675,0 mg/dL.
A lesão ficou mais extensa, com pontos necróticos e secreção purulenta fétida, sendo realizados novos debridamentos. Evoluiu com melhora hemodinâmica e foi extubada. A ferida permaneceu extensa e infectada, realizados novos debridamentos e curativo a vácuo, com variação de glicemia de 356,0 mg/dL.
Após debridamentos, feita enxertia de pele em abdome inferior e períneo, com glicemia de 220mg/dL. Dias após, havia 80% de pega de enxertia de pele, com melhora progressiva.
DISCUSSÃO
Até a publicação desse relato, não há estudos suficientes que correlacionam diretamente os níveis de glicemia com melhora clínica e boa evolução cirúrgica da fasceíte necrotizante, mas sabe-se que o controle glicêmico melhora os resultados em casos graves como queimaduras extensas e traumas. No caso apresentado, embora a paciente apresentasse comorbidades que dificultariam um bom prognóstico, notou-se evolução favorável da ferida e das condições clínicas da paciente após se conseguir redução significativa da glicemia, com maior eficácia da enxertia.
Área
COLOPROCTOLOGIA
Instituições
Centro Universitário Barão de Mauá - São Paulo - Brasil
Autores
Maria Eugênia Siquelli Soares, Desiree Cilião Crippa Calil, Pedro Cougo Samueli, Otavio Augusto Almeida Borges, Rebecca Neponucena Sobrinho, Mayara Padua Barbosa, Eduardo Garcia Pacheco