Dados do Trabalho


TÍTULO

RESSECÇAO VISCERAL NO TRATAMENTO DA HERNIA VENTRAL COMPLEXA

INTRODUÇÃO

A correção de hérnias incisionais abdominais (HIA) permanece como um dos procedimentos cirúrgicos mais comuns uma vez que ela ocorre em cerca de 11% das laparotomias. Vários são os fatores de risco que incluem: obesidade, idade avançada, desnutrição, múltiplas laparotomias, tipo de incisão e cuidados técnicos no fechamento da parede abdominal (incluindo a qualidade e diâmetro dos fios utilizados), infecção pós-operatória da ferida cirúrgica, doença pulmonar obstrutiva crônica e diabete. As HIA surgem, em geral, nos primeiros cinco anos após a operação. Nas grandes hérnias a quantidade de vísceras que, progressivamente, ocupam e distendem o saco herniário é tal que podem formar um “segundo abdome”. O aumento do volume das alças e de seu meso e a retração da cavidade abdominal fazem com que as alças intestinais percam o “direito à moradia” dificultando a sua re-introdução na cavidade e, em especial, quando se tenta reconstruir a anatomia normal do abdome pela aproximação dos músculos retos na linha mediana; nestas condições, pode ocorrer aumento exagerado da pressão intra-abdominal com graves repercussões sistêmicas, especialmente da parte respiratória. O objetivo desse trabalho é relatar um caso de correção de hérnia incisional abdominal em que a ressecção visceral foi essencial para a boa técnica de fechamento da parede abdominal.

RELATO DE CASO

D.C.A, 88 anos, feminino, sem comorbidades, com história de cirurgia prévia abdominal – cesárea há 50 anos por incisão mediana, dá entrada na emergência com quadro de distensão abdominal, parada de eliminação de gases e fezes, vômitos e anorexia. Ao exame físico apresentava hérnia incisional volumosa, endurecida, sem flogose. Encaminhada para laparotomia exploradora, apresentava hérnia com conteúdo de delgado e cólon direito, com grande perda de domicílio, sem sinais de sofrimento de alça. Durante a cirurgia, optou-se por realizar colectomia direita com anastomose primário íleo-cólon transverso, latero-lateral, para conseguir melhor aproximação da aponeurose do músculo reto abdominal. Realizado fechamento primário da aponeurose com prolene 0, pontos contínuos, e colocação de tela de Marlex onlay. Da parte abdominal, paciente evoluiu com bom pós operatório, recebendo alta no 14º dia de PO, devido a complicações clínicas.

DISCUSSÃO

As hérnias incisionais abdominais podem ser abordadas de diversas maneiras, como a colocação de próteses, realização de pneumoperitônio progressivo perioperatório e a ressecção visceral, além da associação de duas ou mais técnicas. A escolha da técnica cirúrgica (aberta ou laparoscópica) e da prótese e modo de fixá-la permanecem controversas. Existem três opções com relação à localização da prótese: pré-musculoaponeurótica (onlay), retromusculoaponeurótica (underlay ou sublay) ou retromuscular, e intraperitoneal (inlay). A ressecção visceral tem se mostrado por diversas vezes como uma solução eficaz disponível no tratamento da doença herniária em tempo cirúrgico único, com resultados satisfatórios.

Área

PAREDE ABDOMINAL

Instituições

Hospital Municipal Lourenço Jorge - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Márcio Barroso Cavaliere, José Dias de Castro Araujo, Aline de Quadros Teixeira, Victor Ammar Vidal, Augusto Campeão Rodrigues, Carlos Eduardo Peçanha de Barros, Gabriel Torres de Castro Innocencio, Thiago Lopes Firmino Pinto