Dados do Trabalho


TÍTULO

FISTULA DUODENAL ASSOCIADA A ABSCESSO INTRA-ABDOMINAL POS RESSECÇAO CIRURGICA MESENTERICA: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

As fístulas digestivas são uma comunicação anormal do tubo digestivo. Estas, podem ser internas ou externas, congênitas ou adquiridas. Por meio dessa comunicação ocorre drenagem de líquido digestivo. A maioria das fístulas digestivas adquiridas (75 - 85 %) são pós-operatórias. A mortalidade dos portadores de fístula digestiva é alta, oscilando entre 6,5% e 21%. Isto se deve à heterogeneidade dos pacientes e das fístulas. As fístulas duodenais estão relacionadas à um alto índice de focos de infecções, culminando em uma mortalidade de 30%. O presente trabalho tem por finalidade relatar um caso de fístula duodenal associada a abscesso intra-abdominal pós ressecção cirúrgica mesentérica.

RELATO DE CASO

Paciente 44 anos, sexo feminino. Há três meses realizou cirurgia para retirada de cisto mesentérico no cólon direito. Recebeu alta quatro dias após a cirurgia. Dez dias após a alta hospitalar, iniciou quadro de dor abdominal, predominante em mesogástrio, sem irradiação, associada à febre não aferida. Negou distensão abdominal, náuseas e vômitos. Foi diagnosticada com abscesso intracavitário e a conduta terapêutica foi de drenagem cirúrgica. Após o procedimento cirúrgico, observou-se uma drenagem de líquido amarelo na bolsa alta. Foi diagnosticada clinicamente com fístula de alto débito. Foi adotado a conduta terapêutica cirúrgica de gastroenteroanastomose e clínica de reposição hidroeletrolítica e terapia nutricional.

DISCUSSÃO

85% das fístulas duodenais ocorrem após intervenções cirúrgicas como ressecções em cólon direito. A drenagem de líquido digestivo pode desencadear uma cascata de eventos: infecção localizada, formação de abscesso e, como resultado de um foco séptico, a formação da fístula. Isto ocorre devido a um ciclo vicioso de dano progressivo, contaminação e resposta inflamatória. A classificação fisiológica das fístulas leva em consideração o débito dessas em 24 horas. Essa classificação contribui para a avaliação prognóstica dos pacientes por identificar aqueles que possuem riscos para distúrbios hidroeletrolíticos graves. As fístulas são consideradas de baixo, médio e alto débito quando o volume drenado é inferior a 200mL, quando está entre 200 e 500mL e se é maior que 500mL por dia respectivamente. As fístulas duodenais geralmente são fístulas de alto débito. Este fato contribui para a sua alta morbimortalidade devido a importante perda hidroeletrolítica de bicarbonato, ocasionando acidose metabólica. As bases do tratamento do portador de fístula digestiva são condutas conservadoras: correção dos distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos, terapia nutricional e cuidados com a pele. No caso, por se tratar de uma fístula de alto débito, o tratamento cirúrgico também foi instituído. Foi realizado um desvio do trato gastrointestinal por meio da gastroenteroanasmose. Esta conduta terapêutica tem como objetivo diminuir perda de secreção gastrointestinal e minimizar as consequências do processo hipercatabólico de um paciente com fístula de alto débito.

Área

INTESTINO DELGADO

Instituições

Universidade Católica de Brasília - Distrito Federal - Brasil

Autores

Luísa Freire Barcelos, Eduardo Augusto Borges Primo, Bárbara Alves Campos Ferreira, Geovana Thees Perillo Rodrigues, Melissa Giovanucci, Carlúcio Cristino Primo Júnior, Juliano Servato, Mateus da Silva Cândido