Dados do Trabalho


TÍTULO

ABORDAGEM DE MEDIASTINITE AGUDA APOS ESTERNOTOMIA – UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Mediastinite aguda pós esternotomia mediana é um processo inflamatório e/ou infeccioso de baixa incidência (0.25-5%) e alta mortalidade. Pode ser secundária ainda a perfuração esofágica e fasceíte necrosante descendente.
Os achados clínicos envolvem taquicardia, dor torácica, febre, deiscência, instabilidade esternal, choque e sepse. Longa permanência em CTI, comorbidades como diabetes e obesidade e cirurgia prolongada são fatores de risco. Devido a alta mortalidade, o diagnóstico e tratamento precoce é fundamental para um desfecho favorável.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 26 anos, comparece ao pronto-socorro queixando massa cervical de crescimento há 1 ano. Ao exame: grande massa pulsátil cervical direita, pulsos em MMSS palpáveis e simétricos, paraplegia secundária a múltiplas lesões por PAF há 3 anos.
Angiotomografia de pescoço evidenciou dilatação aneurismática ao nível da bifurcação do tronco braquiocefálico, com fragmentos metálicos - pseudoaneurisma.
Submetido a correção do pseudoaneurisma, com incisão infra-clavicular, seguida por esternotomia mediana e abertura do pericárdio, para controle arterial e venoso. Realizada cervicotomia à direita com exposição do pseudoaneurisma e reconstrução com PTFE. Posicionados drenos em regiões cervical e mediastinal. Encaminhado ao CTI.
Realizada TC de tórax com contraste EV por sangramento em ferida operatória no 8 DPO, evidenciando densificação da gordura mediastinal anterior, com focos gasosos de permeio e conteúdo líquido. Evoluiu com drenagem fétida e piora da leucocitose. Iniciada antibioticoterapia e optado por reabordagem.
Realizado debridamento através de reesternotomia e lavagem com cristaloide. Laparotomia mediana com confecção de retalho de omento em mediastino anterior. Posicionados 2 drenos tubulares em hemitorax direito. Paciente retorna ao CTI, evoluindo com melhora infecciosa. Realizado controle com TC de tórax, seguido de alta hospitalar.

DISCUSSÃO

A mediastinite é uma complicação grave e requer antibioticoterapia geralmente associada à reabordagem. É necessário reconhecer fatores de risco, sinais e sintomas. Radiografia de tórax pode mostrar alargamento e pneumomediastino. A TC tórax é o exame de escolha. Quando o diagnóstico é suspeitado devem ser colhidas hemoculturas, cultura dos tecidos e secreções mediastinais e iniciada antibioticoterapia.
Na esternotomia, a infecção profunda da ferida é secundária a contaminação durante a cirurgia, predominando S. aureus e S. epidermidis. Como o paciente não apresentava sepse ou má perfusão, tendo como etiologia a esternotomia, a antibioticoterpia empírica poderia ter espectro mais restrito.
A abordagem cirúrgica consiste em debridamento, irrigação e drenagem. Se o esterno estiver estável e com viabilidade óssea, terapia com pressão negativa é utilizada; se estiver instável, indica-se osteossíntese. Se há perda óssea/espaço morto, é realizada reconstrução com retalho omental/m. peitoral. O fechamento é primário ou por terceira intenção.

Área

CIRURGIA TORÁCICA

Instituições

Hospital Risoleta Tolentino Neves - Minas Gerais - Brasil

Autores

Tainara Rodrigues Miranda, Luis Fernando Carneiro Vilaboim, Lucas Gallo de Alvarenga Mafra, Julia Bianchi Brito, Marcelo Henrique Rodrigues Miranda, Francisco de Paula Alves de Souza Júnior, Erlon de Avila Carvalho, Mario Pastore Neto