Dados do Trabalho
TÍTULO
NEOPLASIA CISTICA SEROSA DO PANCREAS COM COMPORTAMENTO ATIPICO – RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Devido ao comportamento benígno da imensa maioria das Neoplasias Císticas Serosas do Pâncreas (NCSPs) e a morbidade associada à cirurgia pancreática, existem controvérsias quanto ao acompanhamento clínico e indicações de ressecção dessas lesões. O presente trabalho descreve um caso de paciente com NCSP com características benignas que apresentou crescimento e comportamento atípicos.
RELATO DE CASO
Paciente feminina, 70 anos, assintomática, iniciou em 2014 acompanhamento de tumoração cística no pâncreas. Realizou a primeira Ultrassonografia de Abdome (USG) em 02/2014 como exame de rotina em avaliação ginecológica que evidenciou lesão cística simples em cauda do pâncreas com 2,01x1,89cm, paredes finas e conteúdo homogêneo. Desde então a paciente realizou USG total em 2015 e 2016, sempre assintomática, e com laudos referindo crescimento inexpressivo da lesão (diâmetro máximo < 2,67 cm). Não realizou controle em 2017. Em novembro de 2018 realizou nova USA que demonstrou a presença de formação expansiva de ecogenicidade mista, medindo 15,4 x8,7cm. Realizadas Ressonância Magnética e Angiotomografia do Abdome em novembro de 2018, que confirmaram a volumosa formação expansiva na cauda do pâncreas, formada por múltiplos pequenos cistos com escara central, sugerindo Neoplasia Cística Serosa associada com trombose completa de veia esplênica e hipertensão portal segmentar significativa. Realizada pancreatectomia anterógrada modular com esplenectomia em 01/2019. A ressecção por via aberta envolveu aproximadamente 70% do parênquima total, sendo necessária ráfia da veia mesentérica superior na junçâo espleno-mesentérica devido a trombose completa da veia esplenica. A paciente evoluiu sem complicações e recebeu alta no 5º dia de pós-operatório. Encontra-se em acompanhamento ambulatorial sem evidências de insuficiência exócrina ou endócrina do pâncreas. O laudo histopatológico confirmou Cistoadenoma Microcístico Seroso do Pâncreas.
DISCUSSÃO
É consenso que tumores císticos do pâncreas sintomáticos devem ser ressacados. Em relação aos fatores de risco para malignização descritos em guidelines, o crescimento rápido foi o principal motivador da indicação de ressecção, uma vez que a paciente permaneceu assintomática e não haviam alterações de natureza ductal ou sinais de invasão extra-pancreática. A trombose da veia esplênica foi provavelmente resultado dessa rápida expansão com compressão local. O acompanhamento imagenológico regular de lesões serosas estáveis e assintomáticas é motivo de controvérsia. No caso em questão, um crescimento menor que 0.5cm/ano por dois anos, levou o médico assistente a solicitar novo exame de rotina apenas após 2.5 anos, sendo o mesmo surpreendido por aumento volumoso e assintomático da lesão. Cabe discutir a necessidade de acompanhamento anual dessas lesões císticas entre 2,0 e 3,0cm, mesmo quando os pacientes são assintomáticos, a lesão não apresenta sinais de preocupação e a taxa de crescimento é baixa.
Área
VIAS BILIARES E PÂNCREAS
Instituições
Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
Daiane de Oliveira Soares, José Marcus Raso Eulálio, José Eduardo Ferreira Manso