Dados do Trabalho


TÍTULO

RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA NO TRATAMENTO DE LESAO IATROGENICA DE VIAS BILIARES: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

No Brasil, entre 9,1% a 19,4% da população adulta possuem colelitíase, com cerca de 20% destes apresentando sintomas típicos, sendo a maioria assintomática. Nos pacientes sintomáticos, está indicada a colecistectomia, de preferência videolaparoscópica(VLP), desde que o paciente não possua contraindicação para o procedimento. Dentre as complicações intra-operatórias, a lesão de vias biliares corresponde a 0,3% dos casos, podendo ser necessária a realização de uma derivação biliodigestiva para correção de lesões mais complexas, de acordo com a classificação de Bismuth. Entretanto, tais derivações podem evoluir também com estenose, as quais devem ser corrigidas com brevidade por via cirúrgica, endoscópica ou por radiologia intervencionista, pois o paciente pode evoluir com cirrose biliar secundária, decorrendo em hepatectomias e até em transplante hepático. Neste artigo, objetivamos relatar um caso onde foi utilizada a radiointervenção na correção de estenose de vias biliares ocorrida após derivação biliodigestiva em “Y de Roux” devido à lesão iatrogênica ocorrida em colecistectomia VLP.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo masculino, 29 anos, diagnosticado com Colelitíase sintomática, realizou colecistectomia VLP em março de 2017, permanecendo internado devido à presença de dor abdominal difusa, vômitos, icterícia e febre no pós-operatório precoce. Diagnosticado com lesão de vias biliares na confluência dos ductos hepáticos, foi submetido a uma derivação biliodigestiva em “Y de Roux” no quinto dia de pós-operatório, tendo melhora do quadro clínico e alta hospitalar. Aproximadamente um ano depois, voltou a procurar atendimento médico devido à dor abdominal, icterícia, acolia fecal, colúria, prurido, febre e calafrios. Exames laboratoriais mostravam: BT=1,29; BD=0,83; BI=0,43; FA=856; GGT=603. Realizou Colangioressonância, detectando estenose da derivação, comprometendo ambos os ductos hepáticos. Devido à dificuldade técnica de uma nova intervenção cirúrgica, foi optado em abril de 2018 por procedimento percutâneo guiado por radiografia para colocação de prótese na via biliar para drenagem e dilatação desta, com resultado positivo. A prótese foi retirada após dez meses, mantendo-se o paciente assintomático.

DISCUSSÃO

A via laparoscópica é a principal escolha para colecistectomia, por ser menos traumática, mais estética e ter menor período de internação. No entanto, o aumento na incidência de lesões de vias biliares encontra-se evidenciada nos estudos, com desenvolvimento de estenoses que decorrem em 71 a 95% das vezes por iatrogenia. Diante disso, quando comparados os métodos para resolução dessas lesões, os índices de sucesso na abordagem cirúrgica e radiointervencionista com colocação de prótese são similares (70% a 80%), sendo necessário o acompanhamento dos pacientes para possíveis lesões tardias. Com tais resultados,a radiologia intervencionista tem-se mostrado como uma alternativa promissora no tratamento de casos complexos de lesão de vias biliares.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar - Ceará - Brasil

Autores

Rafael Da Silva Cunha, Paulo Marco Lopes, Cláudio Matias Barros Júnior, Heron Kairo Sabóia Sant'Anna Lima, Douglas Marques Ferreira de Lima, Afonso Nonato Goes Fernandes, Matheus Jorgue Pires Viana, Victor Ary Câmara