Dados do Trabalho


TÍTULO

AVALIAÇAO DOS PROCEDIMENTOS CIRURGICOS REALIZADOS NOS ULTIMOS 10 ANOS

OBJETIVO

A Comissão Lancet de Cirurgia Global propôs que, para atender às necessidades das populações, os países deveriam alcançar 5000 procedimentos cirúrgicos por 100.000 habitantes por ano, podendo esse valor chegar a uma razão maior do que 10.000 operações por 100.000 habitantes em alguns países europeus. Assim, o objetivo desse estudo é avaliar o número de procedimentos cirúrgicos realizados no Brasil na última década, bem como o perfil do caráter de atendimento e a mortalidade perioperatório.

MÉTODO

Trata-se de estudo ecológico com abordagem quantitativa, descritivo e de caráter temporal. A partir da base de dados do Sistema Único de Saúde, foram avaliadas as internações para realização de procedimentos cirúrgicos, bem como a população total no Brasil entre 2008 e 2018. As variáveis estudadas foram: números de internações, caráter de atendimento e taxa de mortalidade. Foi utilizado o software Excel para a realização do Teste-t de Student para avaliar a significância estatística dos resultados.

RESULTADOS

Entre os anos de 2008 e 2018 foram realizados 46.927.797 procedimentos cirúrgicos, com uma média de 4.266.163 procedimentos por ano, sendo a grande maioria destes realizados na região Sudeste (40,8%), seguidos por região Nordeste (26,6%), Sul (17,5%), Norte (7,5%) e Centro-Oeste (7,5%). Observou-se ainda que houve um aumento de cerca de 19% do número total de procedimentos cirúrgicos neste período, alcançando 2161 procedimentos cirúrgicos por 100.000 habitantes em 2018. No que tange o caráter de atendimento, os procedimentos de urgência ainda são os mais prevalentes (58,2%) que os procedimentos eletivos (39,8%), sendo as outras formas de atendimento responsáveis por 2%, porém a razão entre número de procedimentos de urgência em relação aos eletivos vem se tornando mais próximo de 1, evidenciando que o crescimento dos procedimentos eletivos vem sendo mais significativo do que o de urgência. Por fim, a maior taxa de mortalidade foi observada na região Sul com cerca de 2,00% seguida da região sudeste 1,80 % (valor-p = 0,0000). A região norte e nordeste apresentaram as menores taxas de mortalidade 1,09% e 1,30% (valor-p=0,0004), respectivamente.

CONCLUSÕES

Evidenciou-se que há uma tendência crescente no número de realização de procedimentos cirúrgicos no Brasil, porém abaixo do que é idealizado na literatura e do que é praticado nos países mais desenvolvidos, indicando que possivelmente ainda há um baixo investimento nesta área no Brasil e evidenciando uma necessidade de maiores investimentos na área de saúde. Há também uma evidência da distribuição irregular de recursos materiais e médicos entre as regiões do país. As maiores taxas de mortalidade nas regiões Sul e Sudeste podem estar associadas com a capacidade de realizar procedimentos mais complexos e sujeitos à maiores complicações, bem como possível subnotificação nas demais regiões.

Área

EXPERIMENTAL / PESQUISA BÁSICA

Instituições

Escola Bahiana de medicina e saúde pública (EBMSP) - Bahia - Brasil

Autores

Paulo Eduardo Dias Lavigne, Samuel Gomes Cardoso, Giulianno Rodrigues de Britto, André Luis Barbosa Romeo, Ian Lemos Teixeira Sarno, Milla Gabriele Sallenave Andrade, Vitor Brandão Vasconcelos, Ana Celia Diniz Cabral Romeo