Dados do Trabalho


TÍTULO

GIST RECIDIVANTE E RESISTENTE A QUIMIOTERAPIA: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O Tumor Estromal Gastrintestinal (GIST) é o sarcoma mais comum do aparelho digestivo, podendo originar-se desde o esôfago até o ânus. Tem origem nas células intersticiais de Cajal e se desenvolve principalmente por uma mutação do gene KIT. Seu comportamento biológico é heterogêneo, tendo como principais fatores prognósticos tamanho, índice mitótico e localização anatômica. Cerca de 80% são benignos e prevalecem entre a 5º e 6º décadas de vida. Estima-se que, no Brasil, a incidência esteja em torno de 2 a 2,5 casos novos por 100 mil habitantes.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo feminino, 46 anos, abriu o quadro em setembro de 2017, sendo diagnosticada com GIST em pequena curvatura gástrica. Foi submetida à ressecção da neoplasia e de parte da aponeurose do músculo reto abdominal e segmento III do fígado devido ao acometimento tumoral. Após a cirurgia, iniciou tratamento com Mesilato de Imatinibe, não apresentando regressão da doença mesmo após aumento da dose. Em novembro de 2018, foi novamente internada por quadro de obstrução intestinal alta, diarreia e ascite volumosa. À tomografia, foram evidenciados volumosos implantes tumorais comprimindo o estômago remanescente e na pelve, além de acometimento hepático e sinais de sarcomatose peritoneal difusa. Paciente seguiu internada na enfermaria cirúrgica de Hospital Universitário da região nordeste, com medidas para melhora do conforto e nutrição, como paracenteses de alívio e nutrição por sonda nasoenteral. A dose do Imatinibe era de 800 mg/dia, porém, como não apresentava boa tolerância gastrointestinal à droga e nem regressão da doença, foi decidido, junto aos cuidados paliativos e equipe de oncologia clínica, suspender o medicamento e manter medidas de alívio dos sintomas.

DISCUSSÃO

O local de origem do GIST correspondeu com a literatura, já que 70% dos casos ocorrem no estômago. A ressecção completa R0 (ausência de doença residual) do tumor é o tratamento primário e o único com poder de cura. Entretanto, estima-se que mais de 50% dos casos apresentam recidiva ou metástase, como ocorreu com a paciente, sendo o fígado e o peritônio os principais sítios-alvos. A droga de escolha para o controle de GIST recidivante, metastático ou irressecável é o Mesilato de Imatinibe. Entretanto, apesar da melhora do prognóstico com o medicamento, o tumor do caso relatado se mostrou bastante agressivo a despeito da terapêutica. Outros inibidores da tirosina quinase (Sunitinibe) podem ser utilizados em casos de refratariedade ao Glivec, porém, ainda são drogas de alto custo e pouco disponíveis no Sistema Único de Saúde do Brasil. Assim, mais estudos e investimentos são necessários para otimizar o tratamento da doença em questão.

Área

ESTÔMAGO E DUODENO

Instituições

Universidade federal do Ceará - Ceará - Brasil

Autores

Rafael Wendon Rodrigues Rocha, Daniel Rodrigues Correia, Giovanna Karen Colares de Menezes, Nara Conceição Parente, Matheus Zaian Rodrigues de Fonseca Lira, Felipe de Oliveira Vasconcelos, Annya Costa Araújo de Macedo Goes, Marcelo Leite Vieira Costa