Dados do Trabalho
TÍTULO
FISTULA ENTEROCUTANEA DECORRENTE DE POS-OPERATORIO DE COLICISTECTOMIA: UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A fístula enterocutânea é uma comunicação anômala entre o trato gastrointestinal e a pele. Trata-se de uma condição que cursa com significativa taxa de morbidade e mortalidade; por tal motivo, impacta na saúde física e psicológica do paciente, nos gastos financeiros do sistema de saúde e requer uma equipe multidisciplinar para tratamento adequado.
RELATO DE CASO
Paciente masculino, 64 anos, há sete meses submetido a colecistectomia convertida por incisão de Kocher, relatando presença de inflamação da vesícula biliar e comunicação da vesícula com o intestino. Evoluiu com pós operatório arrastado com saída de muita secreção por dreno deixado na borda lateral da incisão e com persistência de saída de secreção, agora mucopurulenta e em pequena quantidade. Fistulografia mostrando comunicação cutânea com alça de delgado com aproximadamente 12 cm de extensão e ressonância magnética do abdome confirmando trajeto fistuloso entre a pele e o duodeno. Realizada nova laparotomia pela incisão anterior, dissecado o trajeto fistuloso até o duodeno e encontrados três cálculos em torno de 6 mm cada um ao redor do orifício do duodeno. Rafia do duodeno em dois planos associado a epiploplastia, drenagem da cavidade abdominal com dreno de Penrose e jejunostomia para alimentação enteral precoce. Evolução pós operatória satisfatória sem intercorrências.
DISCUSSÃO
O manejo da fístula enterocutânea é uma habilidade clínica fundamental para o conhecimento de todo cirurgião-geral. O cuidado destes pacientes deve se concentrar em quatro fases principais: reconhecimento e ressuscitação apropriados; avaliação e plano nutricional completos; avaliação radiográfica para definição da anatomia da fístula; e fechamento definitivo em caso de não cicatrização espontânea.
Cerca de um quarto dos pacientes com esta condição são secundários a doenças inflamatórias intestinais, patologias diverticulares, radiação, trauma e malignidade; os demais surgem em decorrência de cirurgias laparoscópicas ou abertas – caso do paciente relatado, submetido a uma colicistectomia prévia.
Chapman et al. identificaram, em 1964, quatro fatores chaves na terapia da fístula enterocutânea, que permanecem relevantes até os dias atuais: ressuscitação fluídica, controle da fonte, gestão efluente e proteção da pele. A nutrição entrou recentemente como quinto elemento chave. É importante também uma abordagem multidisciplinar para otimizar as chances de um resultado bem sucedido.
A fístula enterocutânea é fonte significativa de morbidade e mortalidade, apesar dos avanços nos cuidados médicos. Aproximadamente noventa por cento (90%) dos casos estão acompanhados por morbidades, como desidratação e sepse. Considerando que, na maioria dos casos, é de causa iatrogênica, o ônus da prevenção, bem como o gerenciamento adequado, o planejamento e o tratamento definitivo recaem sobre o cirurgião.
Área
VIAS BILIARES E PÂNCREAS
Instituições
Hospital Sugisawa - Paraná - Brasil
Autores
Anna Carolina Mendes Zanetti, Luciana Lunardi dos Santos, Sérgio Luiz Rocha