Dados do Trabalho


TÍTULO

RECONSTRUÇAO DE PALPEBRA INFERIOR REALIZADA COM RETALHO DE MUSTARDE: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O carcinoma basocelular (CBC) palpebral é o tumor maligno mais frequente das pálpebras. Sabendo ser a face o local mais frequentemente acometido pelo CBC, o conhecimento e o domínio de uma variedade cada vez mais ampla de técnicas de reconstrução facial tornaram-se verdadeiros fatores diferenciais. A reconstrução total da pálpebra inferior após exérese de neoplasia cujo defeito envolva mais que 50% da pálpebra é um desafio. A cirurgia plástica, por meio da reparação, busca restabelecer a função protetora da pálpebra, usando de preferência técnicas que também proporcionem bons resultados estéticos. A anatomia cirúrgica que orienta o planejamento da reconstrução divide a pálpebra em três lamelas. A lamela anterior é composta pela pele e músculo orbicular do olho. A lamela média é definida como a combinação do septo orbital, tecido do corpo adiposo da órbita e tecido fibroadiposo submuscular. A lamela posterior inclui a fáscia da pálpebra inferior, o tarso e a túnica conjuntiva da pálpebra. Com isso, nos defeitos de espessura total, se faz necessário restaurar a sustentação da pálpebra, função naturalmente desempenhada pelo tarso, composto por tecido conjuntivo denso, desprovido de cartilagem.

RELATO DE CASO

Paciente 63 anos, sem comorbidades crônicas, caucasiana, portadora de dois carcinomas basocelulares nodulares: um na pálpebra inferior e outro no canto lateral palpebral direito, lesões confluentes, ocupando cerca de 70% da extensão palpebral inferior. Foi realizada a ressecção em bloco das duas lesões, em plano total, sob orientação das margens pela congelação e em virtude da ampla ressecção do tarso inferior, foi realizada a reconstrução palpebral com cartilagem auricular (região da escafa) para substituir o tarso ressecado retalho de mustardé para cobertura cutânea do defeito gerado. Paciente evoluiu bem, sem intercorrências, tendo alta no 2º pós-operatório, sem isquemia de pele, sem ectrópio ou lagoftalmo.

DISCUSSÃO

A reconstrução palpebral inferior é um desafio para o especialista em Cirurgia Plástica que dispõe de diversas técnicas para executá-la. Diante do panorama de crescimento das doenças neoplásicas da pele, de sua incidência em pacientes cada vez mais jovens e de seu caráter sincrônico e metacrônico, há uma exigência cada vez maior da capacidade de propor soluções de reconstrução com técnicas que gerem bons resultados funcionais aliados a um compromisso estético.  O relato de caso mostra que o uso do retalho de mustardé é um método seguro e considerada uma das melhores opções para lesões extensas na pálpebra inferior. O enxerto para reconstrução do tarso habitualmente é extraído da cartilagem nasal, auricular ou do periósteo, sendo mais recentemente descrita a utilização da fáscia temporal posterior. No caso optou-se pela utilização da cartilagem auricular (região da escafa) que é uma ótima escolha para reconstrução palpebral e proporcionou bom resultado estético e funcional.

Área

CIRURGIA PLÁSTICA (Inclusive neoplasias malignas de pele)

Instituições

Centro Universitário Tiradentes - Alagoas - Brasil

Autores

INGRID BOTELHO RIBEIRO, INGRID RAMALHO DANTAS DE CASTRO, MARCUS VINÍCIUS QUIRINO FERREIRA, MAÍRA RODRIGUES TEIXEIRA CAVALCANTE, GABRIELA ROCHA NASCIMENTO , ARTUR DE HOLANDA PAES PINTO