TÍTULO

ANALISE DOS ATENDIMENTOS A VITIMAS DE LESAO POR ARMA DE FOGO NO HOSPITAL ESTADUAL GETULIO VARGAS

OBJETIVO

A violência urbana é um dos principais problemas que afligem os brasileiros, impactando na expectativa de vida no Brasil. A violência interpessoal é a principal causa de óbito entre jovens de 10 a 19 anos1. Em 2016, o país registrou 62.517 homicídios2 e 43.200 mortes por armas de fogo3. Os homicídios representam 94% destas mortes3. Estima-se que um em cada 4 homicídios no mundo aconteça no Brasil3.

Lesões por arma de fogo provocam, além de óbito, lesões graves com danos potencialmente irreversíveis e afastamento de trabalho, sobrecarregando os serviços de saúde pública, elevando custos para o Sistema Único de Saúde e para a Previdência Social4. Entre 2015 e 2018, o SUS gastou R$191,33 milhões em atendimento a pessoas baleadas5.

O objetivo deste trabalho é analisar os atendimentos dos pacientes com lesão por arma de fogo no Hospital Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, entre julho de 2018 a janeiro de 2019.

MÉTODO

Foi realizado um estudo transversal de todos os atendimentos realizados na Emergência por lesão por arma de fogo no Hospital Estadual Getúlio Vargas, entre os meses de julho de 2018 a janeiro de 2019.
A coleta de dados foi realizada a partir da análise de todos os boletins de atendimento e prontuários dos pacientes selecionados, sendo levantados os seguintes itens: data do atendimento, idade e gênero da vítima, tipo de lesão, frequência respiratória, pressão arterial sistólica e escala de coma de Glasglow no momento da admissão, e desfecho final. Com esses dados, foi possível calcular o Escore de Trauma Revisado dos pacientes.

RESULTADOS

Foram analisados 256 atendimentos a vítimas por lesão por arma de fogo. O perfil de pacientes atendidos por esse motivo revela predomínio de pessoas do sexo masculino (218 pacientes – 85,2%), com idade média de 29,18 (+- 1,56) anos. O tipo de lesão predominante foi em membros inferiores (98 pacientes), seguidos membros superiores (46), abdome (28), cabeça (23), tórax (18) e pescoço (4). Múltiplas lesões foram evidenciadas em 39 pacientes. O Escore de Trauma Revisado apresentou média de 7,47 (+-0,14), com 33 óbitos (12,8%). Do total, 109 (42,6%) pacientes foram liberados após avaliação inicial.
Observamos maior incidência de vítimas aos domingos (47 pacientes) e sextas-feiras (46 pacientes) e menor incidência nas segundas-feiras (21) e quintas-feiras (27). Somadas, as ocorrências nos dias de sexta-feira, sábado e domingo representam 52% da amostra.

CONCLUSÕES

Podemos concluir que, em nossa amostra, adultos jovens masculinos são a maioria das vítimas atendidas em nosso Hospital. A maioria das lesões acontece nos dias do final de semana. Embora a maior parte dos nossos pacientes não apresente lesões graves, a mortalidade atinge parcela significativa de nossa amostra. Desenvolvimento de políticas públicas para prevenção de vítimas por lesões por armas de fogo são necessárias, assim como melhorias do atendimento pré-hospitalar e das condições de trabalho em nosso hospital, especialmente em pacientes mais graves.

Área

TRAUMA