Dados do Trabalho


TÍTULO

Tratamento das seqüelas decorrentes do implante de Silicone Industrial – experiência no Hospital Universitário Gaffrée Guinle (HUGG)

OBJETIVO

A injeção ilegal de silicone líquido industrial em tecidos moles, notadamente em região glútea, membros inferiores e mamas, para aumento de volume com fins estéticos tem se configurado um problema de saúde pública no Brasil, assim como em outros países da América Latina. A desinformação a respeito do procedimento, muitas vezes confundido com técnicas e substâncias reconhecidas no meio médico, contribui para a disseminação da prática criminosa, trazendo aos consultórios médicos e aos serviços públicos um número crescente de complicações e seqüelas. Neste contexto, o ambulatório de cirurgia do Hospital Universitário Gaffrée Guinle, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, tem recebido um número crescente de pacientes vítimas deste implante.
OBJETIVO - Este trabalho visa descrever as condutas adotadas pela equipe do serviço de cirurgia plástica do HUGG para corrigir ou minimizar as seqüelas decorrentes do implante de silicone industrial.

MÉTODO

Foram estudados 68 casos de pacientes que procuraram o ambulatório do HUGG apresentando seqüelas após a injeção de silicone industrial em região glútea, membros inferiores e mamas. Foram analisadas descritivamente as técnicas empregadas para a correção ou atenuação das complicações e seqüelas apresentadas, bem como a sua efetividade na melhora dos quadros tratados.

RESULTADOS

Dos pacientes estudados, 65 eram do sexo feminino e 3 do masculino, com idades entre 20 e 58 anos. Dezoito possuíam nível de escolaridade superior. Em todos os casos, os pacientes atendidos relataram ter feito o implante acreditando que o material seria o PMMA, mas o aspecto e os sinais clínicos indicavam a presença do Silicone industrial, o que foi comprovado em exames complementares. Em 25 deles, foi instituído o protocolo de tratamento clínico proposto pelo serviço para controle do quadro inflamatório, para os casos em que não há indicação de abordagem cirúrgica ou para preparo para uma posterior intervenção. A conduta cirúrgica foi indicada em 43 casos, tendo a maioria consistido na drenagem e aspiração de parte do silicone industrial através do uso de cânulas de lipoaspiração, com melhora do processo inflamatório local. Em 5 casos foram necessárias intervenções mais amplas, com ressecção de tecidos (incluindo segmentos de pele) ou cicatrizes secundárias a ulcerações. Uma paciente apresentou quadro de infecção no pós-operatório, que evoluiu para sepsis, e precisou de internação em UTI para controle. Em todos os casos houve melhora dos sinais clínicos, em especial da hiperemia e da dor, com os tratamentos realizados.

CONCLUSÕES

Embora seja sabidamente impossível a retirada completa do silicone industrial injetado em tecidos moles, a alta incidência e as potenciais seqüelas decorrentes deste procedimento ensejam as tentativas de tratamento, clínico ou cirúrgico, que possam reduzir estas complicações. As condutas empregadas pelos autores se mostraram efetivas nesta redução, trazendo melhora à qualidade de vida dos pacientes.

Área

CIRURGIA PLÁSTICA (Inclusive neoplasias malignas de pele)

Instituições

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO GAFFRÉE GUINLE/UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

EDUARDO COSTA TEIXEIRA, Edgar Martin Rosario Abreu, Edwin Charris Caballero, Cindy del Carmen Castillo Castaneda, Leo Lara Espinoza, Ricardo Cavalcanti Ribeiro