Dados do Trabalho


TÍTULO

APENDICITE AGUDA EM PACIENTE COM SITUS INVERSUS TOTALIS

INTRODUÇÃO

Apendicite aguda (AA) é a grande causa de abdome agudo cirúrgico, a prevalência alcança cerca de 7%. O diagnóstico é baseado na história, exame físico e laboratorial, se duvidoso incorporados exames de imagens. É habitual a dor em fossa ilíaca direita (FID), porém 1/3 pode não apresentar por distintas posições do apêndice. A dor em fossa ilíaca esquerda (FIE) pode caracterizar a anomalia congênita Situs Inversus Totalis (SIT) que afeta cerca de 0,001-0,01% da população e possui incidência de AA de 0.016%-0,024%, 1,5 vezes mais em homens. O portador de SIT pode ter retardo no diagnóstico pela anatomia em espelho. Este relato de caso apresenta um quadro de AA em paciente com SIT, sem conhecimento prévio da anomalia. A extrema importância é devido à baixa incidência na população, retardando o diagnóstico e tratamento, aumentando a mortalidade e morbidade.

RELATO DE CASO

Homem, 67 anos, procura o Hospital Antônio Giglio por dor em FIE, distensão abdominal, náuseas, constipação, mantendo eliminação de flatus, há 1 semana, com piora progressiva e sem melhora a analgesia. Exame físico: regular estado geral, abdome globoso, distendido, doloroso a palpação em FIE, com plastrão palpável, sem peritonite. Laboratório inicial: leucocitose de 16400 e desvio a esquerda, imagem tomográfica sem contraste: borramento de gordura mesentérica e imagem hipodensa em FIE com áreas de pneumatose intestinal com extensão do psoas até a parede. Diagnosticado abdome agudo inflamatório foi internado, mantido jejum, hidratação, analgesia e indicada cirurgia. Submetido a laparotomia mediana (xifo-pubica) achado intra-operatório de SIT e AA fase IV, realizada apendicectomia convencional, drenagem da cavidade e antibioticoterapia. Boa evolução pós operatória e alta hospitalar no 8°PO.

DISCUSSÃO

O apêndice é tubiforme de fundo cego, possui entre 2 a 20 cm, no ceco e a 2,5 cm da válvula ileocecal, podendo ser retrocecal, pélvico, paracecal e pré/pós-ileal. A AA é a inflamação causada por obstrução da luz por fecalitos, inflamação, corpo estranho, carcinoma ou estenose por exemplo. O risco geral de desenvolvê-la na vida é de 8.6% em homens e 6.7% em mulheres, frequente entre a adolescência e os 50 anos.
Descoberto em 1643 por Marco Severino e um século depois registrado por Matthew Baillie o SIT, anomalia congênita autossômica recessiva rara, se desenvolve com a rotação de 270° do intestino médio no sentido horário resultando na inversão completa das vísceras toracoabdominais. A dor em FIE é comum pela localização do apêndice à esquerda, dificultando o diagnóstico clinico de AA, necessitando de complementariedade com eletrocardiograma, ultrassonografia ou tomografia (mais acurado), elevando a gravidade do quadro, possibilidade de complicação e pior prognóstico. O tratamento é cirúrgico, o 1° caso de apendicectomia em portador foi descrito em 1998, desde então com poucos casos na literatura. A vantagem da laparoscópia é a ampla visualização da cavidade, sendo uma excelente abordagem diagnóstica e terapêutica.

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

HOSPITAL MUNICIPAL DE OSASCO ANTONIO GIGLIO - São Paulo - Brasil

Autores

RAFAELLA CHRISTINA GOUVEIA LAURIANO, PAULA DUARTE DAMBROSIO, DANIELE PEREIRA BRANQUINHO, ANA PENHA SCARAMUSSA OFRANTI, GABRIELA MARTINELLI TAGLIETTI, MICHELE ARIANA FERREIRA MATEUS, HUGO GREGORIS DE LIMA