Dados do Trabalho


TÍTULO

HIPERTENSAO PORTAL COMO COMPLICAÇAO DE UM QUADRO DE ESQUISTOSSOMOSE: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A hipertensão portal é uma síndrome hemodinâmica caracterizada por pressão venosa hepática ≥ 5 mmHg. Entre as principais complicações causadas pelo aumento da pressão hepática estão: varizes esofágicas e/ou gástricas, hemorragias digestivas, acúmulo de líquido da cavidade abdominal e hepatoesplenomegalia. Neste contexto, entre as afecções que podem evoluir com hipertensão do sistema porta está a esquistossomose, na qual é um patologia de natureza parasitária e endêmica no Brasil. Esse trabalho visa relatar um caso de cirrose hepática esquistossomática que progrediu com hemorragia digestiva alta apresentando necessidade de intervenção cirúrgica.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 54 anos, portador de HAS, diagnosticado há 5 anos com esclerose de varizes esofágicas por cirrose hepática esquistossomática. Realizou endoscopia digestiva alta há 5 anos que evidenciou quadro de múltiplas varizes esofágica de médio calibre e gástricas do tipo GOV I. Nesse contexto, há dois anos houve necessidade de realizar ligadura das varizes de esôfago e dos cordões gástricos junto a cárdia, na qual evoluiu com hematêmese e melena. Nessa época apresentou Hb de 4,3 g/dL necessitando ser transfundido. Refratário ao tratamento clínico, evoluiu com hepatoesplenomegalia sendo submetido a esplenectomia. Ao exame físico: BEG, hipocorado, hidratado, anictérico, acianótico, baço com parênquima homogêneo, medindo 18.3 x 13.6 cm e presença de fígado palpável 3 dedos abaixo do rebordo costal, sem sinais de irritação peritoneal. Em uso de: Propranolol 40 mg, Espiromolactona 25 mg e Omeprazol 20 mg. Após esplenectomia e ligadura das varizes em grande curvatura do estômago e periferia do baço, houve a necessidade de transfusão sanguínea e uso de drogas vasoativas por sangramento exacerbado. Após cirurgia evoluiu com ascite, derrame pleural, anemia microcítica e hipocrômica, vômitos e infecção. Foi realizado tratamento hospitalar com uso de Unasyn, Ciprofloxacino e Metronidazol e posteriormente foi efetuado paracentese com retirada de 5000 ml de líquido amarelo citrino, sem intercorrências. Paciente encontra-se internado sob intervenção médica.

DISCUSSÃO

O diagnóstico de hipertensão portal (HP) é clínico, baseado nos sinais e sintomas manifestados pelo enfermo em conjunto com os exames complementares, como a Ultrassonografia e a Endoscopia digestiva alta. O tratamento padrão-ouro em pacientes compensados é clínico: ligadura elástica das varizes, escleroterapia e terapia medicamentosa. Reserva-se a intervenção cirúrgica para aqueles com recidivas hemorrágicas, como nesse caso relatado. Nesse contexto, existem dois o objetivos durante a intervenção cirúrgica, sendo eles: reduzir a pressão dentro do sistema porta ou nas varizes e interromper o fluxo porta para o território das varizes. No decurso da esplenectomia é feito a separação ázigo-portal, visando diminuir a pressão venosa portal e as chances de possíveis hemorragias futuras. Ainda pode haver após a esplenectomia recorrência hemorrágica (66%).

Área

FÍGADO

Instituições

Universidade Católica de Brasília - Distrito Federal - Brasil

Autores

Nathana do Prado Oliveira, Raissa Arcoverde Borborema Mendes Dytz, Igor Diego Carrijo dos Santos, Laís Ribeiro Vieira, Ana Luiza Dias Moreira, Breno Avelar Prado, Pedro Henrique Alves Mendes, Arivaldo Bizanha