Dados do Trabalho
TÍTULO
ABDOME AGUDO HEMORRÁGICO POR CAUSA ATÍPICA
INTRODUÇÃO
A dor pélvica de início súbito em paciente gestante demanda atendimento em caráter de urgência e impõe desafios adicionais quando comparada à dor encontrada em pacientes não gravídicas. O presente relato tem o objetivo de salientar a importância de um atendimento rápido e diagnóstico preciso para melhor evolução do quadro do paciente.
RELATO DE CASO
Paciente gestante com 23 semanas e 5 dias de gestação, 33 anos, 3 cesárias prévias e sem demais comorbidades vem ao plantão de emergência do HSC com queixa de fortes dores abdominais de início súbito em região de FID e migração para FIE, quadro com algumas horas de evolução. Nega demais queixas. Habito gastrointestinais e urinários preservados. Na admissão hospitalar, o exame clínico apresentando leucocitose (17.400 mm³) e Hemoglobina de 9,8 g/dL, exame físico apresentando dor a palpação profunda em FID, sem sinais de peritonismo e Blumberg negativo. Não apresentava sinais de sofrimento fetal. Solicitou-se US de abdômen que constatou pequena a moderada quantidade de líquido livre esparso pela cavidade peritoneal, no dia seguinte foi solicitado novo hemograma e no US de abdômen, ambos exames corroboraram para a hipótese de sangramento ativo pois foi constata queda na hemoglobina para 6,4 g/dL e laudo da US constatando aumento de líquido livre intraperitoneal em relação ao exame prévio, notando-se maior volume de líquido periesplenico com aspecto de hematoma. Realizou-se laparotomia exploratória, na qual visualizou-se grande quantidade de sangue intra-abdominal e ruptura de aproximadamente 5 cm na região anterior do útero com sangramento ativo de difícil controle. Optou-se por realização de cesariana e constatada optou-se por histerectomia subtotal. Paciente com boa evolução pós-operatória, sem complicações e intercorrências, sendo liberado no 7º dia de internação.
DISCUSSÃO
As possíveis causas de ruptura uterina são trauma, fraqueza congênita ou adquirida do miométrio. O principal fator de risco para ruptura é a presença de cicatriz na musculatura uterina, geralmente sendo oriunda de cesáreas anteriores, porém
podendo ser resultado de um episódio que resulte em lesão da musculatura ou até mesmo causada pelo processo de fertilização in vitro. São divididas em completas, em que existe a lesão de total da parede uterina criando uma comunicação entre a cavidade uterina e peritoneal, e incompletas quando não ocorre a lesão total existindo ainda peritônio visceral integro. A maioria dos casos ocorre no terceiro trimestre no pré-parto, intraparto ou pós-parto. Para paciente gravídico que apresente dor abdominal associada a instabilidade hemodinâmica a estabilização e o parto urgente são geralmente indicados. Após realização da cesárea cabe ao cirurgião a tomada de decisão se apenas o reparo será suficiente ou se a histerectomia se faz necessária, nesse último caso se deve avaliar as características da ruptura, habilidade do cirurgião e o desejo em se manter a fertilidade por parte da paciente.
Área
URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS
Instituições
Hospital Santa Cruz - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
Rafael Luiz Doncatto, Luiz Miguel Doncatto, Weverton Aparecido Sousa Pereira, Maura David, Gustavo Lançanova Duré, Sabriny Rezer Bertão, Manassés Soares Souza, Luiza Rubenich Cremonese